Regras Do Amor Na Cidade Grande

Chega aos cinemas nesta quinta-feira (10), "Regras do Amor na Cidade Grande",&nbsp;uma adapta&ccedil;&atilde;o do romance hom&ocirc;nimo de Sang Young Park, com dire&ccedil;&atilde;o de Lee Eon-hui. A obra chega em um dos melhores momentos da produ&ccedil;&atilde;o visual coreana, com uma proposta que se diferencia dos outros filmes do g&ecirc;nero.&nbsp;
Kim Go-eun, conhecida pelo ic&ocirc;nico papel em Goblin &ndash; O Solit&aacute;rio e Grande Deus (2016), entrega uma performance cheia de nuances como Jae-hee, uma jovem de esp&iacute;rito livre que vive &agrave; margem das normas sociais e se recusa a ser moldada pelo que esperam dela. Ao lado dela est&aacute; Steve Sang-hyun Noh (Pachinko), que interpreta Heung-soo, um homem reservado que guarda um segredo profundo: sua homossexualidade, em um pa&iacute;s onde o casamento LGBTQI+ ainda n&atilde;o &eacute; legalizado. A descoberta desse segredo por Jae-hee d&aacute; in&iacute;cio a uma rela&ccedil;&atilde;o inesperada e profundamente comovente.
Ainda que o foco da trama seja o v&iacute;nculo entre esses dois personagens, o longa se aprofunda ao expor o peso do preconceito e as tens&otilde;es de viver em uma sociedade que reprime o que n&atilde;o entende. O contraste entre a ousadia de Jae-hee e o sil&ecirc;ncio defensivo de Heung-soo constr&oacute;i um retrato emocionalmente honesto de quem vive entre o desejo de se afirmar e o medo da rejei&ccedil;&atilde;o.
A qu&iacute;mica entre Go-eun e Sang-hyun &eacute; uma das grandes for&ccedil;as do filme: sutil, madura e genu&iacute;na. H&aacute; uma fluidez natural entre os dois, como se os personagens compartilhassem anos de cumplicidade. Essa sensa&ccedil;&atilde;o &eacute; refor&ccedil;ada por atua&ccedil;&otilde;es consistentes e cheias de verdade, tanto nos momentos de intimidade como nos de conflito. A participa&ccedil;&atilde;o de Salim Benoit como o Oliver tamb&eacute;m n&atilde;o passa despercebida e d&aacute; suporte aos segredos que cercam a trama.
A dire&ccedil;&atilde;o de Lee Eon-hui brilha especialmente ao abordar temas densos com uma leveza rara, evitando exageros e construindo, com sutileza, um retrato aut&ecirc;ntico das rela&ccedil;&otilde;es humanas. O roteiro se destaca justamente por encontrar beleza no cotidiano, sem recorrer a grandes reviravoltas &mdash; e, ainda assim, mantendo o espectador emocionalmente investido do come&ccedil;o ao fim.
Outro acerto &eacute; o uso do humor, que surge com um toque ir&ocirc;nico e oportuno, funcionando como respiro em meio a situa&ccedil;&otilde;es delicadas. Como na vida real, h&aacute; espa&ccedil;o para risos mesmo diante das dores, e essa honestidade torna a experi&ecirc;ncia ainda mais pr&oacute;xima e tocante.
"Regras do Amor na Cidade Grande" &eacute; mais do que um drama sobre amizade ou identidade: &eacute; uma carta de amor &agrave; liberdade de ser e sentir. Em um cen&aacute;rio onde o audiovisual coreano vem sendo, muitas vezes, padronizado por f&oacute;rmulas de sucesso, o filme se destaca ao tratar de uma hist&oacute;ria &uacute;nica, corajosa e profundamente humana.
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Nota: 4/5

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Nesta quinta-feira (6), os cinemas brasileiros ser&atilde;o tomados por uma onda de terror trash com a estreia de "O Macaco", adapta&ccedil;&atilde;o do conto hom&ocirc;nimo de Stephen King. Sob a dire&ccedil;&atilde;o de Osgood Perkins e a produ&ccedil;&atilde;o de James Wan, o filme promete uma experi&ecirc;ncia intensa e perturbadora, com uma dose generosa de humor question&aacute;vel e viol&ecirc;ncia gr&aacute;fica.
A trama acompanha os g&ecirc;meos Bill e Hal, interpretados por Theo James, que descobrem um macaco de brinquedo amaldi&ccedil;oado no s&oacute;t&atilde;o da casa de seu pai. A partir desse momento, uma s&eacute;rie de mortes horr&iacute;veis come&ccedil;a a acontecer, levando os irm&atilde;os a um confronto aterrorizante com o passado sombrio da fam&iacute;lia.
"O Macaco" se destaca por abra&ccedil;ar o terror trash sem pudores, entregando cenas de viol&ecirc;ncia bizarras e momentos de puro nonsense que far&atilde;o o p&uacute;blico gargalhar aos mesmo tempo que questiona o visto. O macaco de brinquedo passa uma vibe totalmente intrigante e a sensa&ccedil;&atilde;o de que vai ganhar vida e pular no pesco&ccedil;o de algum personagem a qualquer momento.
O elenco, liderado por Theo James, entrega performances impec&aacute;veis, com destaque para a grande diferen&ccedil;a que o protagonista tr&aacute;s para os g&ecirc;meos. Elijah Wood, Tatiana Maslany e Christian Convery tamb&eacute;m brilham em seus pap&eacute;is, contribuindo para a atmosfera sombria e perturbadora do filme.
<h2 data-sourcepos="11:1-11:26">Superior a "Annabelle"?</h2>
Enquanto a franquia "Annabelle" se apoia em sustos f&aacute;ceis e jumpscares previs&iacute;veis, "O Macaco" oferece uma experi&ecirc;ncia mais visceral e perturbadora. O filme de Perkins n&atilde;o tem medo de explorar o lado mais grotesco do terror, entregando cenas de viol&ecirc;ncia gr&aacute;fica e momentos de puro nonsense que far&atilde;o o p&uacute;blico questionar sua sanidade.
Para quem busca um filme de terror que te fa&ccedil;a pensar e sentir, al&eacute;m de rir, "O Macaco" &eacute; a escolha certa. Prepare-se para uma experi&ecirc;ncia inesquec&iacute;vel.
NOTA: 3.5/5

Mickey 17 Trailer A

O novo trabalho do diretor Bong Joon-ho, "Mickey 17", chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6), com a promessa de transportar o p&uacute;blico para um futuro dist&oacute;pico e g&eacute;lido, onde a coloniza&ccedil;&atilde;o de mundos in&oacute;spitos se tornou uma necessidade para a sobreviv&ecirc;ncia da humanidade, ou para alimentar egos pol&iacute;ticos. No centro dessa narrativa, encontramos Mickey (Robert Pattinson), um "colaborador" enviado para Niflheim, um planeta congelado e hostil. Sua miss&atilde;o? Preparar o terreno para a chegada de futuros colonos.
A sinopse de "Mickey 17", &agrave; primeira vista, evoca ecos de cl&aacute;ssicos da fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica de expedi&ccedil;&otilde;es espaciais, o longa trilha seu pr&oacute;prio caminho, explorando temas complexos como identidade, mortalidade e o que significa ser humano. A premissa da "impress&atilde;o", onde Mickey renasce &agrave; cada morte com suas mem&oacute;rias preservadas, levanta quest&otilde;es uma s&eacute;rie de quest&otilde;es sobre a natureza da consci&ecirc;ncia e tamb&eacute;m sobre como isso, ao mesmo tempo que parece incr&iacute;vel, pode interferir no curso das vidas.
Com v&aacute;rios n&iacute;veis de fic&ccedil;&atilde;o, drama e humor, um dos pontos que mais chama aten&ccedil;&atilde;o no longa &eacute; a atua&ccedil;&atilde;o de Robert Pattinson. O ator entrega uma de suas melhores performances, interpretando duas variantes do personagem que interagem com personalidades totalmente distintas. Ele acessa v&aacute;rias camadas na jornada emocional intensa do personagem, capturando a ang&uacute;stia e a crescente confus&atilde;o de um homem que enfrenta a repeti&ccedil;&atilde;o intermin&aacute;vel da morte e do renascimento. Pattinson se entrega de corpo e alma ao papel, transmitindo a vulnerabilidade e a for&ccedil;a de Mickey de forma convincente. &Eacute; imposs&iacute;vel n&atilde;o se sentir compelido pela jornada de Mickey, torcendo por sua sobreviv&ecirc;ncia e ansiando por sua reden&ccedil;&atilde;o. Suas intera&ccedil;&otilde;es com Nasha (Naomi Ackie) tamb&eacute;m render uma &oacute;tima qu&iacute;mica &agrave; hist&oacute;ria.
Como todo bol filme, "Mickey 17" tamb&eacute;m est&aacute; bem representado na ala de vil&otilde;es. Aqui temos o lun&aacute;tico Kanneth Mashall (Mark Ruffalo), um pol&iacute;tico derrotado e que tem a ideia de povoar Niflheim com "humanos selecionados e perfeitos". Junto a ele, est&aacute; Ylfa (Toni Collete), sua esposa e praticamente mentora. Seus personagens s&atilde;o irritantes em um n&iacute;vel extremo e ao mesmo tempo super carism&aacute;ticos.
No entanto, "Mickey 17" n&atilde;o &eacute; um filme para todos. Sua narrativa de mais de 2 horas de tela chega a ser lenta em alguns momentos e pode n&atilde;o agradar &agrave;queles que buscam a&ccedil;&atilde;o desenfreada e reviravoltas constantes. O filme exige paci&ecirc;ncia e aten&ccedil;&atilde;o, convidando o p&uacute;blico a refletir sobre as quest&otilde;es existenciais que ele levanta.
Em resumo, "Mickey 17" &eacute; um filme para quem gosta de uma boa fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica, impulsionada por uma boa varia&ccedil;&atilde;o de drama e humor. &Eacute; um filme que permanece na mente do espectador muito tempo ap&oacute;s o t&eacute;rmino da sess&atilde;o, levantando questionamentos sobre a natureza da exist&ecirc;ncia, significado da vida e a possibilidade dela ser recriada em uma impressora.
NOTA: 4/5

CRÍTICA: "Emilia Perez" mira alto e acerta no desastre

O chefe de um cartel, Juan Del Monte (Karla Sofía Gascón), decide se aposentar e sumir definitivamente do meio que é conhecido. Para isso, ele busca a ajuda de Rita (Zoe Saldana), uma advogada frustrada com sua atual e desvalorizada vida profissional  em uma firma focada em encobrir crimes ao invés de servir à justiça. Tudo isso contado em formato de drama com uma nova proposta de comédia musical.

"Emilia Perez", que traz Karla Sofía Gascón como a personagem título, se apresenta como uma obra ousada que promete desafiar convenções, mas, na realidade, acaba se perdendo em suas ambições. Embora a presença de Selena Gomez tenha atraído um público significativo em vários países (deve ser igual aqui no Brasil), o filme falha em se sustentar além do apelo comercial da estrela pop, que fica de terceiro plano na trama. Sua atuação, embora não desastrosa, é mediana e não se destaca em meio a um roteiro que parece mais preocupado em chocar do que em contar uma história coesa.

Karla Sofía Gascón consegue fazer bem seu papel. Diante de toda a transformação que ela passa, de um perigoso,  chefe do tráfico mexicano, Juan Del Monte, para uma mulher que decide ajudar outras pessoas através de uma ong, ela consegue mesclar a frieza e delicadeza que se pede. O problema é que o projeto como um todo não ajuda a personagem a ter a profundidade necessária para conquistar o expectador. Fica difícil tirar algo de bom onde não há material suficiente.

O formato de musical, que deveria trazer vida e energia à narrativa, é um dos maiores equívocos do roteiro do diretor Jacques Audiard. As canções, em vez de elevar a trama, se tornam dispersivas e forçadas, afastando o espectador da experiência emocional que o filme tenta criar. A tentativa de a transição de gênero não acha o tom e se torna um dos problemas nos musicais. A maiorias das tentativas de inserir música parece se contentar com o superficial.

Por outro lado, Zoe Saldana, que concorre ao Oscar de Melhor triz Coadjuvante, emerge como um verdadeiro ponto alto na produção. Sua performance é envolvente e carismática, conseguindo captar a essência da personagem de uma forma que o restante do elenco, inclusive Gomez, não consegue. É frustrante ver que sua atuação brilhante é ofuscada por um enredo que não faz jus ao seu talento. Mesmo com letras preguiçosas e que tentam impactar, seus musicais são os únicos com um nível aceitável.

No mais, "Emilia Perez" se torna uma tentativa quase frustrada de chamar atenção através de sua estética e provocações sustentadas em temas impactantes. O filme pode ter conquistado prêmios, mas isso não é suficiente para encobrir suas falhas evidentes e o quanto Saldana foi importante para não ser uma perda total de tempo.  Uma mistura de drama com comédia musical que talvez funcionasse só no drama e com uma abordagem mais verdadeira e dos temas.

CRÍTICA: "A Verdadeira Dor" mostra a força através do luto

O laço familiar pode ser um dos mais fortes que existe e ajudar a superar dificuldades. Em "A Verdadeira Dor", o diretor e roteirista Jesse Eisenberg traz a ligação de dois primos e a morte da avó como pano de fundo para narrar a primeira visita à Polônia.

"A Verdadeira Dor" é uma obra cinematográfica que não apenas toca na sensibilidade do espectador, mas também convida à reflexão sobre laços familiares e as complexidades da saúde mental. A sinopse, que nos apresenta os primos David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) em uma jornada pela Polônia em homenagem à avó, já sugere uma narrativa rica em emoções e descobertas, mas o que realmente eleva o filme a um novo patamar é a forma com que aborda temas como a depressão.

A atuação de Culkin como Benji é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme. Culkin traz uma autenticidade que faz com que o público sinta cada nuance do personagem. Sua interpretação é marcada por um equilíbrio delicado entre o humor e a vulnerabilidade, refletindo a luta interna que muitas pessoas enfrentam ao lidar com suas emoções e a depressão. A forma como ele comunica a dor e a confusão de Benji diante das tensões da convivência social e da própria história é simplesmente cativante, carregando a narrativa com uma sinceridade que ressoa profundamente.

O roteiro habilidoso de Jesse Eisenberg não se limita a explorar apenas a aventura da viagem, mas mergulha nas complexidades da mente humana através de personagens com personalidades totalmente diferentes que participam do passeio guiado pela Polônia. Os diálogos parecem simples, mas, ao mesmo tempo, repletos de emoção, permitindo que o público compreenda o impacto que a depressão pode ter na vida das pessoas. A maneira como o filme entrelaça as memórias do passado com o presente através das conversas entre Benji e David, mostram o processo de amadurecimento dos primos e como cada um reagiu à morte da avó.

Além disso, a cinematografia e a trilha sonora complementam perfeitamente a narrativa, criando uma atmosfera que reflete tanto a beleza da Polônia quanto a tristeza e a alegria que permeiam a jornada dos protagonistas. Cada cena é cuidadosamente elaborada, fazendo com que o espectador se sinta imerso na história.

"A Verdadeira Dor" é mais do que uma simples narrativa sobre uma viagem. O longa é uma exploração sensível e honesta das dificuldades que muitos enfrentam em suas vidas. Ele provoca uma conversa importante sobre a saúde mental e a importância de enfrentar nossos demônios, tanto individuais quanto coletivos. É uma experiência cinematográfica que fica na memória e no coração, lembrando-nos da alegria que podemos encontrar na vulnerabilidade.

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Nota: 4.5/5

CRÍTICA: “Tuesday: O Último Abraço” abraça a morte sem rodeios

Falar sobre a morte não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas. Mesmo que utilizemos a batida frase “a morte é a única certeza da vida” em vários momentos, queremos evitar de todas as maneiras possíveis até de pensar. Nós cinemas, o tema já foi abordado de diversas maneiras e agora retorna com “Tuesday: O Último Abraço”, da diretora Daina Oniunas-Pusic.

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O novo longa, que mistura drama e comédia, nos apresenta Zora (Julia Louis-Dreyfus), e sua filha adolescente em câncer terminal, Tuesday (Lola Petticrew). Acompanhamos a jornada de Tuesday, que está prestes a enfrentar a morte, aqui retratada como um pássaro falante. Acostumada com os últimos lamentos dos outros humanos que vai visitar, a criatura “sobrenatural” se depara com uma jovem que o recebe educadamente, lhe tratando como nunca antes tinha experimentado.

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Antes de se despedir deste mundo, Tuesday pede ao pássaro um último momento com a mãe, que abdicou da própria vida para se dedicar aos últimos momentos da filha. A jornada de mãe e filha é repleta de momentos marcantes, com uma troca intensa entre as atrizes. Diante da morte, elas entregam veracidade e beleza em meio ao tema principal da obra e os diversos acontecimentos ligados a ele.

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Desde o primeiro minuto de tela “Tuesday” impressiona pela qualidade entregue no pássaro falante. Seu CGI é refinado e encaixa sem dificuldade ao tratamento final de película. Somando ao ótimo trabalho visual, temos a performance vocal de Arinzé Kene e a peculiar interação com a garota em estado terminal e sua mãe. O pássaro não está lá como um mero adereço de tela, mas sim como uma figura importante para menina e sua mãe.

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Todo o cenário apresentado no roteiro de Daiana dão a “Tuesday: O Último Abraço” um tom lúdico. A fantasia é fundamental aqui, para que a história consiga abordar a morte de maneira mais leve e “aceitável”. Há uma beleza peculiar, misturada ao humor não tão convencional, que funcionam na passagem das mensagens que o filme apresenta.

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“Tuesday: O Último Abraço” é um filme fácil de digerir e bastante reflexivo. É uma viagem intensa, bem lapidada e repleta dos mais variados sentimentos. Certamente, a produção mais diferenciada lançada em 2024, até o momento.

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NOTA: 4/5

CRÍTICA: "Os Estranhos - Capítulo 1" falha na entrega

Estamos na era dos remakes cinematográficos e isso se abrange à todos os gêneros, como os de terror. Entre as novidades está Os Estranhos - Capítulo 1, que chega oficialmente às salas nesta quinta-feira (30), com a promessa de resgatar o espírito de 2008, mas não chega perto.

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A nova versão da franquia, agora dirigida por Renny Harlin (Duro de Matar 2, Exorcista - O Início, dentre outros), acompanha um casal Maya (Madelaine Petsch) e Ryan (Froy Gutierrez), que vai parar em uma cabana, numa cidade que não conhecem. Após uma recepção estranha dos moradores, eles passam a ser caçados por um trio de assassinos mascarados. Nesta nova abordagem, o roteiro inicialmente se diferenciou do original pelos motivos que levaram os protagonista a se isolar no meio do mato.

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Com uma cena de abertura tensa, era esperado que o primeiro capítulo da nova era da franquia entregasse grandes momentos de tensão e brutalidade. Logo após, a trama perde o ritmo e demora a um pouco até que realmente apresente algo que prenda a atenção para o verdadeiro propósito dos filmes do gênero, que é assustar. Material para tal é o que não falta, já que temos uma casa localizada no meio da floresta, noite e assassinos mascarados. Não quer dizer que o roteiro Alan R. Cohen e Alan Freedland falhe miseravelmente em entregar momentos que causem angústia, mas eles são rapidamente superados e retornamos para área quase de comédias românticas.

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Ao acompanharmos o desempenhado de Madelaine e Froy, temos a certeza de que eles não têm a mínima culpa do projeto não engrenar. A química entre eles acontece e eles convencem como casal apaixonado pegando a estrada nas férias. Há realmente uma conexão que até faz com que fiquemos na torcida para que eles escapem de seus algozes. O problema está na falta de criatividade nos textos e escolhas do roteiro, sempre medianos e sem a possibilidade de uma reviravolta.

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Inovação provavelmente foi uma das palavras presentes na construção de Os Estranhos - Capítulo 1 e, para utilizar da justiça, ela até que apareceu. Ainda assim sua presença mais acertava, talvez a única, foi em adaptar a trama para os temos de hoje, com sua tecnologia e facilidades como alugar uma casa no Airb. Mesmo assim, beber da fonte do passado para a trama central do filme teria sido uma ótima saída. Se as referências fossem bem aproveitadas, renderia muitos momentos de grande impacto.

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Os Estranhos - Capítulo 1 segue morno do início ao fim. O título já aponta para uma continuação, não sabermos se dependente da bilheteria de seu filme de entrada ou não. De qualquer forma, será preciso suar mais a camisa para que a entrega seja realmente satisfatória.

CRÍTICA: "Back to Black" não faz jus a Amy Winehouse

Desde que foi anunciado, o filme biográfico de Amy Winehouse criou uma atmosfera de expectativas no público, em especial nos fãs da saudosa artista. Um dos maiores ícones que o mundo da música já teve, mesmo com seu pouco tempo de estrada, em virtude do fim trágico, a estrela por traz de sucessos como "Rihab", "Valerie" e "Tears Dry On Their Own" tem sua história apresentada nos cinemas, sob a direção assinada por Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza).

Em "Back to Black", retirado de um dos seus maiores hits, somos convidados a revisitar a conturbado vida de Amy, começando pelo com ela já aos 18 anos, pouco tempo antes de assinar seu primeiro contrato com uma gravadora. O roteiro apresenta de início a performer que não pensa em direito e sim fazer a sua arte se espalhar e significar algo na vida das pessoas. No decorrer do caminho, a cinebiografia traz a entrada de Blake (Jack O’Connell) na vida da jovem artista, além da relação com o pai, Mitch (Eddie Marsan) e a conturbada luta contra o assédio dos paparazzis.

Para quem acompanhou a carreira e vida de Winehouse, já que, após o estrelato, cada passo seu estava estampado nos tabloides, "Back to Black" tinha tudo para entregar uma cinebiografia emocionante e que ajudasse o público a conhecer e compreender melhor o que acontecida com a artista nos bastidores. Infelizmente, não é isso que acontece. Aqui somos apresentados apenas a uma artista que parece rasa, o que nunca foi, independente dos seus problemas. Sua arte é praticamente reduzida a uma mulher que alcoolizada, que escreve sobre relacionamentos e se entrega a um homem que conheceu no pub. Com o passar do tempo, vemos Amy definhar, ser desumanizada.

Em uma análise mais profunda do que é apresentado em quase duas horas de tela, o que se pode dizer é que chega a ser vergonhosa a forma como Amy é diminuída. Todos sabem que ela passou por muitos problemas, que não tinha uma vida perfeita, mas que era muito boa no que fazia e aparentava ter um coração enorme. Esses momentos de criação e de laços foram reduzidos a quase nada, dando espaço para o que vendia na mídia de fofocas sobre ela, além de não questionar as figuras ao seu redor e o quanto elas colaboraram de forma negativa ou não tiveram um papel realmente importante na tentativa de lhe resgatar do fundo do poço.

Com roteiro superficial de Matt Greenhalgh e direção criativa fraca, onde os fatos da vida de Amy Winehouse são apresentados de forma confusa, "Back to Black" tem como um dos únicos atrativos a atuação do elenco, em especial Marisa Abela como Amy. Um pouco caricata de início, a atuação da atriz vai ganhando força e consegue cativar, chegando perto do que conhecíamos da estrela musical. Ela faz toda a diferença e consegue extrair a mais profunda emoção, seja nos momentos de alegria (poucos) ou nos mais difíceis, como a morte da avó Cynthia (Lesley Manville), as brigas com o ex-marido ou as crises.

Em resumo, "Back to Black" não faz justiça à grande mulher e artista que Amy Winehouse foi, que inclusive tentou lutar contra seu vicio, luta mostrada também de forma rasa. Em sua maior parte, mostra a dona da história como uma pessoa que escolheu caminhos errados e seguiu nele. É triste, não só pelo fim que ela teve, mas pela forma como foi explorada.

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