Lula Oliveira E Tertuliana Lustosa Foto Divulgação

No dia&nbsp;4 de abril,&nbsp;a partir das 15h, ser&aacute; lan&ccedil;ado o roteiro cinematogr&aacute;fico&nbsp;&lsquo;Morte e Vida Sertransneja&rsquo;, no&nbsp;audit&oacute;rio da Faculdade de Comunica&ccedil;&atilde;o da Universidade Federal da Bahia (UFBA).&nbsp;O evento,&nbsp;gratuito, contar&aacute; com uma leitura dram&aacute;tica de trechos do roteiro e uma roda de conversa com os roteiristas&nbsp;Tertuliana Lustosa e Lula Oliveira, que discutir&atilde;o o processo criativo por tr&aacute;s da obra.
Escrito por&nbsp;Tertuliana,&nbsp;historiadora, pesquisadora, cantora piauiense e vocalista da banda de pagode &lsquo;A Travestis&rsquo;, em coautoria com Lula Oliveira,&nbsp;roteirista e diretor do longa &lsquo;A Matriarca&rsquo;, &lsquo;Morte e Vida Sertransneja&rsquo; nasce como uma semente para a realiza&ccedil;&atilde;o futura do filme. O roteiro &eacute; uma adapta&ccedil;&atilde;o do&nbsp;livro de poesias hom&ocirc;nimo lan&ccedil;ado por&nbsp;Tertuliana em 2022, que conta com audiobook em todas as plataformas digitais, e j&aacute; havia sido contemplado anteriormente pela Lei Aldir Blanc.
"Foi um grande desafio adaptar o livro, pois precis&aacute;vamos expandir a hist&oacute;ria e, ao fazer isso, ficamos muito atentos ao discurso que quer&iacute;amos narrar. Buscamos uma narrativa que falasse sobre a maternidade cis vista por uma filha trans, algo que eu mesma vivi com o acolhimento da minha m&atilde;e. Tamb&eacute;m quer&iacute;amos mostrar a supera&ccedil;&atilde;o e a revolu&ccedil;&atilde;o na vida da personagem. Al&eacute;m disso, abordamos as dificuldades de acesso a atendimentos e as barreiras geogr&aacute;ficas, destacando como a qualidade dos servi&ccedil;os no interior &eacute; prec&aacute;ria e arriscada", conta&nbsp;Tertuliana.
<img src="https://musicaemais.nvgo.app/assets/ce5d5565-7a0d-4251-810c-8e2300dd0837.jpg?width=716&amp;height=720" alt="Foto: Gabriel Batata">
A hist&oacute;ria acompanha a trajet&oacute;ria de Tieta, uma mulher trans que deixa a cidade de Corrente, no interior do Piau&iacute;, em busca de sua transi&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nero e de melhores condi&ccedil;&otilde;es de vida no Rio de Janeiro. Seu maior desejo &eacute; comprar uma casa para a m&atilde;e, mas o caminho at&eacute; essa conquista &eacute; marcado por desafios como a xenofobia e a transfobia. Inicialmente, Tieta encontra na prostitui&ccedil;&atilde;o um meio de sobreviv&ecirc;ncia, at&eacute; migrar para o funk proibid&atilde;o, onde alcan&ccedil;a ascens&atilde;o financeira e art&iacute;stica.
Anos depois, j&aacute; consagrada como cantora, Tieta retorna a Corrente e reencontra a m&atilde;e no leito de morte. Diante da perda iminente, a protagonista revisita sua pr&oacute;pria trajet&oacute;ria, reconstituindo sua mem&oacute;ria desde antes da transi&ccedil;&atilde;o at&eacute; aquele momento. O dinheiro que seria usado para realizar o sonho da casa &eacute; convertido em um funeral inesquec&iacute;vel, marcando o desfecho de sua jornada e ressignificando sua rela&ccedil;&atilde;o com o passado.
"A hist&oacute;ria de Tieta reflete a luta da comunidade trans e as quest&otilde;es sociais no Brasil. Durante muito tempo, as travestis no audiovisual foram retratadas de forma estereotipada, sempre nos mesmos papeis. Hoje, j&aacute; vemos outras narrativas, como travestis m&eacute;dicas, concursadas ou casadas. No roteiro, trago tanto a realidade da prostitui&ccedil;&atilde;o quanto a possibilidade de transforma&ccedil;&atilde;o, porque essa n&atilde;o &eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o permanente. &Eacute; poss&iacute;vel mudar de trajet&oacute;ria e seguir novos caminhos&rdquo;,&nbsp;explica&nbsp;Tertuliana.
A produ&ccedil;&atilde;o de filmes com protagonistas trans ainda &eacute; uma realidade escassa. &lsquo;Morte e Vida Sertransneja&rsquo; prop&otilde;e um olhar sens&iacute;vel e complexo sobre a viv&ecirc;ncia trans, especialmente a experi&ecirc;ncia de migra&ccedil;&atilde;o e os desafios enfrentados no processo de afirma&ccedil;&atilde;o de identidade. A realiza&ccedil;&atilde;o desse roteiro marca um passo importante na constru&ccedil;&atilde;o de narrativas que ampliam a representatividade e promovem um olhar mais diverso no cinema brasileiro.
Parte da programa&ccedil;&atilde;o do lan&ccedil;amento, a leitura dram&aacute;tica ser&aacute; dirigida por Filipe Tux&aacute;, conselheiro estadual de cultura da Bahia, professor e artista. Al&eacute;m disso, Lula Oliveira abordar&aacute; a epistemologia do processo criativo no desenvolvimento de roteiros cinematogr&aacute;ficos, trazendo reflex&otilde;es sobre a constru&ccedil;&atilde;o narrativa e as escolhas est&eacute;ticas que permeiam a obra. O evento busca apresentar o roteiro ao p&uacute;blico e iniciar um debate sobre a representatividade trans no cinema e a import&acirc;ncia de dar voz a essas hist&oacute;rias.
Al&eacute;m de se inserir em um contexto liter&aacute;rio e cultural, dialogando com obras emblem&aacute;ticas como "Morte e Vida Severina", de Jo&atilde;o Cabral de Melo Neto, e "Tieta do Agreste", de Jorge Amado, o projeto "Morte e Vida Sertransneja" foi contemplado pelo Edital da Lei Paulo Gustavo/SeCult-BA 2024 e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, atrav&eacute;s da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Minist&eacute;rio da Cultura, Governo Federal.

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‘Morte e Vida Sertransneja’: Tertuliana Lustosa e Lula Oliveira lançam roteiro cinematográfico sobre a vivência trans

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