Thainá Pitta Foto   João Lins, Pontomov Studio

Em 2024, o grupo demogr&aacute;fico mais afetado pelo desemprego e pela subutiliza&ccedil;&atilde;o da for&ccedil;a de trabalho &eacute; o de mulheres pretas. A amostragem &eacute; da &uacute;ltima Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios (PNAD) Cont&iacute;nua, que revela uma taxa de desocupa&ccedil;&atilde;o de 9% para mulheres negras, mais que o dobro registrado entre homens brancos (4%). Para se ter uma no&ccedil;&atilde;o do agravante social, apesar da remunera&ccedil;&atilde;o feminina m&eacute;dia no Brasil ser de R$ 3.755,01, no caso das mulheres pretas, o corte salarial &eacute; ainda menor, ficando em R$ 2.864,39.&nbsp;
E n&atilde;o para por a&iacute;. Historicamente, grupos demogr&aacute;ficos como mulheres pretas, comunidades de baixo poder aquisitivo, p&uacute;blico LGBTQIAPN+, ind&iacute;genas, negros, quilombolas e PCD &lsquo;s vem buscando se estabelecer em corpora&ccedil;&otilde;es nacionais, cargos de lideran&ccedil;a e multinacionais &agrave; fim de liderar novos horizontes no panorama desigual mercadol&oacute;gico: seja no acesso, condi&ccedil;&otilde;es de trabalho ou a falsa responsabilidade social dos empregadores.
A jornada &eacute; &aacute;rdua: quanto ao p&uacute;blico LGBTQIAPN+, apenas 25% conseguiram um emprego de carteira assinada em 2023, segundo a Fundo Positivo; Os ind&iacute;genas, por exemplo, sofrem com a disparidade salarial de 33% a menos do que o recebido por pessoas n&atilde;o ind&iacute;genas, retrata a Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional do Trabalho (OIT); Entre as 500 maiores corpora&ccedil;&otilde;es do Brasil, menos de 5% das lideran&ccedil;as s&atilde;o negras, menciona a Indique uma Preta e Cloo; J&aacute; o rendimento salarial das pessoas com defici&ecirc;ncia &eacute; 30% menor que a m&eacute;dia brasileira, cita a PNAD Cont&iacute;nua.&nbsp;
Apesar do quadro marginalizado desses grupos demogr&aacute;ficos, um relat&oacute;rio da McKinsey &amp; Company, Delivering Through Diversity, aponta que empresas investidoras em diversidade de g&ecirc;nero est&atilde;o 21 pontos percentuais &agrave; frente dos concorrentes, tanto em lucratividade, quanto na cria&ccedil;&atilde;o de valor. Para explicar esse fen&ocirc;meno, a Executiva de Atendimento Thain&aacute; Pitta afirma que companhias e multimarcas est&atilde;o ainda engatinhando para entender que, ignorar a diversidade, &eacute; abrir m&atilde;o de performance. Segundo ela, enquanto algumas corpora&ccedil;&otilde;es insistem em velhas estruturas, outras j&aacute; colhem os frutos de equipes diversificadas e eficazes.
"Diversidade n&atilde;o &eacute; mais diferencial, &eacute; crit&eacute;rio de competitividade. Corpora&ccedil;&otilde;es que ainda n&atilde;o entenderam isso est&atilde;o ficando para tr&aacute;s em inova&ccedil;&atilde;o, tomada de decis&atilde;o e conex&atilde;o com o consumidor. Equipes m&uacute;ltiplas trazem vis&otilde;es complementares, reduzem riscos e ampliam a capacidade de resposta do neg&oacute;cio. O avan&ccedil;o &eacute; real, mas ainda concentrado em poucas organiza&ccedil;&otilde;es com vis&atilde;o estrat&eacute;gica efetiva. As que quiserem se manter relevantes v&atilde;o precisar ir al&eacute;m do discurso e estruturar a&ccedil;&otilde;es concretas de inclus&atilde;o nos seus processos e lideran&ccedil;as", afirma.
Atestado pela&nbsp;Rela&ccedil;&otilde;es P&uacute;blicas, h&aacute;, de fato, um fen&ocirc;meno nacional presente entre consumidores: cerca de&nbsp;86%&nbsp;dos brasileiros&nbsp;consideram importante que as empresas das quais compram,&nbsp;promovam ativamente&nbsp;a&nbsp;diversidade e a inclus&atilde;o&nbsp;no seus pr&oacute;prios neg&oacute;cios ou na sociedade como um todo, segundo os&nbsp;insights&nbsp;mais recentes&nbsp;da&nbsp;<a href="https://www.kantar.com/campaigns/brand-inclusion-index" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://www.kantar.com/campaigns/brand-inclusion-index&amp;source=gmail&amp;ust=1745521161660000&amp;usg=AOvVaw3GWojGwQJayIr0FEw9OGo5">Brand Inclusion Index (BII 2024)</a>. No mundo, essa linha de racioc&iacute;nio &eacute; presente em 75% dos consumidores.
O mercado aponta ainda para os efeitos colaterais, ou penalidades da n&atilde;o inclus&atilde;o &eacute;tnica e de g&ecirc;nero. Ainda segundo o levantamento da McKinsey &amp; Company, institui&ccedil;&otilde;es com baixa diversidade t&ecirc;m 29% a mais de chances em apresentar desempenho inferior no quesito lucratividade se comparados aos pares do setor. A explica&ccedil;&atilde;o, segundo Thain&aacute;, &eacute; evidente: equipes homog&ecirc;neas tendem a tomar decis&otilde;es menos assertivas pelo limite imposto na troca de perspectivas e experi&ecirc;ncias do produto final destinado ao consumidor &mdash; o que impacta diretamente em sua competitividade e rentabilidade
"Empresas que n&atilde;o implementarem pol&iacute;ticas de inclus&atilde;o transparentes &mdash; como metas de diversidade nas contrata&ccedil;&otilde;es, revis&atilde;o de sal&aacute;rios para eliminar disparidades e a cria&ccedil;&atilde;o de comit&ecirc;s internos para promover a inclus&atilde;o &mdash; correm o risco de perder competitividade. Sem essas a&ccedil;&otilde;es, as organiza&ccedil;&otilde;es est&atilde;o fadadas a perder espa&ccedil;o para concorrentes mais inovadores e adapt&aacute;veis, que j&aacute; se beneficiam de uma maior diversidade nas equipes. Em um mercado onde os consumidores exigem mais responsabilidade social e as melhores mentes est&atilde;o buscando ambientes inclusivos, quem n&atilde;o agir rapidamente ficar&aacute; atr&aacute;s em termos de inova&ccedil;&atilde;o, engajamento de talentos e, principalmente, lucratividade.", alerta.
Cuidados para n&atilde;o &ldquo;surfar no hype&rdquo; das pautas sociais
Executiva de atendimento com quase uma d&eacute;cada de mercado, Thain&aacute; Pitta tem em seu portf&oacute;lio o atendimento ao Pr&ecirc;mio Sim &agrave; Igualdade Racial, Rock in Rio Lisboa, The Town Brasil, Kizomba Design Museum, Carnaval de Salvador, al&eacute;m de produtora executiva internacional no SDG in Brazil. O vasto conhecimento adquirido ao trabalhar em grandes corpora&ccedil;&otilde;es trouxe uma expertise a mais para a especialista sobre empresas que est&atilde;o criando armadilhas para si mesmas sob o falso lema de &ldquo;socialmente respons&aacute;veis&rdquo;.&nbsp;
&ldquo;Temos exemplos n&iacute;tidos de como o posicionamento incorreto das marcas pode acarretar danos irrepar&aacute;veis. Em julho de 2024, a demiss&atilde;o da equipe de promo&ccedil;&atilde;o &agrave; diversidade pela Microsoft foi um choque. Esse movimento j&aacute; havia sido iniciado pela Meta e outras institui&ccedil;&otilde;es, criando um alvoro&ccedil;o midi&aacute;tico. Embora essas sejam marcas com enorme presen&ccedil;a e compet&ecirc;ncia no mercado, o risco &eacute; evidente, pois um deslize dessas &lsquo;gigantes&rsquo; pode custar muito caro, n&atilde;o apenas em termos financeiros, mas tamb&eacute;m na confian&ccedil;a do consumidor. Para empresas que est&atilde;o se firmando no mercado, esse risco &eacute; ainda maior, j&aacute; que a capacidade de recupera&ccedil;&atilde;o de uma crise de imagem &eacute; muito mais limitada&rdquo;, elucida.
O ganho de vantagem competitiva, projetando uma imagem sociorrespons&aacute;vel falsa, &eacute; a raz&atilde;o do n&uacute;mero crescente de incidentes relacionados a social washing em corpora&ccedil;&otilde;es, que aumentou 15% entre setembro de 2022 &agrave; 2023, segundo o relat&oacute;rio &ldquo;Em Ascens&atilde;o: Navegando na Onda do Greenwashing e do Social Washing&rdquo;, da RepRisk. A pr&aacute;tica vem se intensificando &agrave; medida em que o mercado se prova cada vez mais exigente em termos de &eacute;tica e responsabilidade social.
&ldquo;Quando uma empresa interrompe iniciativas de inclus&atilde;o ou silencia vozes diversas, ela se torna alvo de cr&iacute;ticas, o que prejudica sua imagem. Muitas marcas ca&iacute;ram no &lsquo;social washing&rsquo;, utilizando causas sociais apenas para fins comerciais, surfando no hype das pautas sociais - que na verdade veio pra ficar. As transforma&ccedil;&otilde;es precisam ser reais, pois estrat&eacute;gias passageiras t&ecirc;m um impacto ainda maior para grandes empresas, enquanto empreendimentos menores podem se destacar com a&ccedil;&otilde;es de diversidade genu&iacute;nas.&rdquo;, conclui Thain&aacute;.

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86% dos brasileiros querem marcas inclusivas, mas defasagem de vagas e despreparo de empresas conflita interesse nacional

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