CRÍTICA: "Madeleine à Paris" exalta a cultura e espiritualidade

Chega às salas de cinema na quinta-feira (6), o documentário "Madeleine à Paris". Dirigido pela baiana Liliane Mutti, o filme traz às telas a cultural e espiritual do Brasil através da figura de Robertinho Chaves, um artista baiano negro, filho de santo do Candomblé, que saiu de Santo Amaro com um sonho e foi além dele.

A narrativa do documentário explora a vida de Robertinho, que durante o dia, atualmente, se dedica ao trabalho em uma instituição que tem como pilar Lavagem de la Madeleine, uma celebração anual criada por ele, que reúne na França a comunidade em torno de suas raízes e tradições do sincretismo. À noite, ele assume a persona dos Arlequins no vibrante Cabaré Paraíso, local onde a arte é viva e encantadora.

Durante o documentário, Liliane Mutti mostrar com bastante sensibilidade como Robertinho navega em suas múltiplas funções, revisitando seu passado, inclusive em Santo Amaro, que também é a cidade da diretora. Fica claro o destaque à importância da identidade do artista na construção de um espaço de resistência e celebração, ainda mais se tratando da França, um país de grande força do catolicismo. A equipe envolvida no projeto mostra que a Lavagem de la Madeleine, criada com muito esforço e amor, vai além de um desfile, afirmando sua importância cultural e na promoção da diversidade.

Além de Robertinho, "Madeleine à Paris" traz o depoimento de diversas pessoas ligadas à Lavagem e também à vida pessoal do artista, inclusive na viagem que ele faz até Santo Amaro para visitar a família, destacando também sua proximidade com a família Veloso. As cenas em sua terra natal são emocionantes e divertidas, com diversos personagens marcantes. A mesmo emoção também brota nas imagens da Lavagem de la Madeleine, onde podemos ver a união de crenças e a lavagem das escadarias com Carlinhos Brown fazendo parte do ato.

"Madeleine à Paris" é um convite à reflexão sobre a diversidade cultural e também um exemplo de vida através de Robertinho, que já tem mais de 30 de uma linda história construída em outro país, mas não deixa de lado suas raízes. Liliane Mutti conseguiu captar beleza e emoção, abordando espiritualidade, diversidade e exaltando amor pela arte.