CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Matrix Resurrections” traz nova abordagem para a franquia

Bem perto de finalizar o ano de 2021, o cinema mundial ainda traz algumas cartas na manga. Um deles é o novo filme da franquia “Matrix”, com muitas coisas para os saudosistas e uma abordagem diferente do que os fãs mais fiei estão acostumados.

Após 20 anos de Matrix Revolutions, temos Matrix Resurrections. O que era considerado experimental na época de chegada, com os recursos tecnológicos não tão avançados, teve agora uma infinidade de ferramentas para explorar e se tornar ainda mais grandioso. Mesmo assim, parece que o foco da diretora Lana Wachowski esteve voltado mais para contar uma história que abordasse mais sentimentos humanos e menos maquinarias. Aqui, temos Neo em uma vida aparentemente comum e sob sua identidade original, como Thomas A. Anderson, morando em São Francisco, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais de sua mente e sofrendo pressão para terminar um novo jogo. Em sua rotina diária, ele sempre “esbarra” com uma mulher que parece ser Trinity (Carrie Anne-Moss), que lhe traz várias lembranças. A chave de ignição para as mudanças está na aparição de uma nova versão de Morpheus, que lhe oferece a pílula vermelha, reabrindo sua mente para o mundo da Matrix.

Neste novo cenários, Matrix Resurrections embarca em uma nova aventura de Neo se aliando aos rebeldes para contra um novo inimigo, ao mesmo tempo que não para de fazer piadas de si mesmo. São incontáveis as referências aos três filmes anteriores, em uma tentativa até bem-sucedida de tirar sarro de si mesmo, por mais que não seja esse o principal motivo das pessoas irem aos cinemas para vê-lo. Paralelo isso, a ação é presente de forma mais contida que o habitual, com muitas cenas que empolgam e outras que deixam a impressão que poderiam render mais. Dentre as cenas de luta, um embate no metrô deve render um dos momentos memoráveis.

Agora com menos ação, Matrix continua a não decepcionar ao abordar a relação entre humanos e tecnologia. O filme traz uma didática e forte discussão de como estamos cada vez mais mergulhados no meio digital e o quanto isso interfere na vida individual e no convívio com outras pessoas. Ele também apresenta o lado bom das máquinas, afinal, nem tudo na vida é completamente bom ou ruim. É a dualidade presente, sendo discutida em tela e trazendo reflexão a quem assiste.

Um ponto interessante a se abordar é como Neo e Trinity são explorados nesta nova produção. Seria muito fácil utilizar apenas da nostalgia e ignorar que muito tempo se passou, mas vemos que houve uma evolução na vida dos personagens. Além disso, com tudo que acontece durante os novos acontecimentos, é possível imaginar o que pode acontecer com eles em um futuro próximos, caso a ideia seja trazer outras continuações.

Ainda abordando personagens da trama, vale destacar o ótimo trabalho de Neil Patrick Harris. Seu analista dá o tom de boa parte dos acontecimentos que envolvem Neo e consegue prender o expectador. É um personagem interessante e que vai se revelando em cada cena. É possível dizer, inclusive, que ele se torna mais interessante que o próprio vilão da história, que rende bons momentos, mas que poderia entregar um pouco mais.

Por fim, Matrix Resurrections traz uma nova proposta para a aclamada franquia. Não tem todo aquele brilho de tempos atrás, quando o mundo suspirava com seus efeitos especiais que desafiavam a tecnologia, mas traz toques que agradam quem viveu o momento. É um novo jeito de se explorar a Matrix.

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