CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “A Última Noite” apresenta um Natal cru e mais realista

Esqueçam os filmes natalinos fofinhos, divertidos, com muito romance. A “Última Noite” chega aos cinemas para apresentar um outra lado das comemorações de fim de ano, talvez até mais condizente com muitas realidades.

Nesta produção dirigida por Camille Griffin, temos a história de Nell (Keira Knightley), Simon (Matthew Goode) e seu filho Art (Roman Griffin Davis). Como em toda boa e tradicional trama de Natal, eles estão se preparando para receber amigos e familiares para a ceia. O diferencial deste encontro é que todos vão morrer vítimas de uma nuvem venenosa que chega ao Reino Unido, causando a extinção da população. Daí, temos uma densa trama que mistura muito suspense, drama às vezes exagerados ou não convincentes e um humor bastante ácido.

Como forma de tornar a última noite mais agradável, os adultos tentam esconder das crianças o que está acontecendo do lado de fora e que logo chegará até eles. O que eles não imaginam é que, com acesso à internet, local onde os jovens costumam passar a maior parte do tempo atualmente, eles já sabem do que está por vir. Falando em crianças, esqueçam qualquer lembrança de personagens doces. Aqui elas estão de igual para os adultos, quando o assunto é agredir o outro com palavras.

O conflito da trama, que por sinal tem uma fotografia simples mas funcional, fica também a cargo dos desafetos entre os personagens adultos. E neste ponto o longa apresenta um dos momentos da mais pura realidade nos ciclos sociais, já que é normal nem todo mundo se gostar e mesmo assim ter que conviver de forma amigável em respeito e consideração a uma outra pessoa. Outra coisa que você certamente deve ver em muitas famílias é aquela pessoa que sempre exagera nos comentários e brincadeiras, causando uma verdadeira “torta de climão”. Em “A Última Noite” nós temos muitos desses momentos, que é o que torna a experiência menos pesada e monótona.

Com tantos acontecimentos antes, durante e depois da ceia, você acaba se esquecendo que uma grande tragédia está para acontecer. E talvez seja justamente aí que o filme acabe perdendo um pouco do gás, já que as situações paralelas começam a perder o ritmo e graça, sendo salva muitas vezes pela interação das crianças. A sensação é que estamos dando voltas e não chegamos a lugar algum.

Mesmo com seus pontos baixos, “A Última Noite” é uma proposta ousada e interessante para um filme de Natal. Não é o mais divertido, já que suas piadas soam muito mais como um tiro, mas garante um momento de reflexão e te deixa a pergunta: como seria a ceia de sua família se todo mundo fosse morrer depois dela?

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