MÚSICA

Encerrando o mês do Orgulho, Jona Poeta fala de amor e términos com leveza em “Último Gesto”

Tem um momento em que, enfim, o ar chega mais fresco e é possível respirar e observar melhor o turbilhão de emoções que alguns términos de relacionamentos deixam como rastro. Dentre tantas formas de traduzir essas experiências, o cantor e compositor Jona Poeta escreveu canções e poesias. Foi assim que nasceu seu primeiro EP de carreira, em 2020. Mas, uma canção, ou melhor, um poema que virou canção, ficou de fora do compilado daquela época e será lançada nesta sexta-feira (30). O novo single, “Último Gesto”, fala do fim de maneira amorosa e leve e vem acompanhado de clipe no YouTube, na mesma data, e conta com continuação que será lançada em 14 de julho.

“Essa música serena um pouco aquele coração com dores latentes e cruas que eu expus no EP Soltei”, declara Jona Poeta. “É um olhar de um Jona mais maduro sobre um relacionamento que foi bem vivido e que não continuou por ‘coisa pouca, aquelas coisas de menino’, como eu falo na letra. É um gesto de indulgência a esse ex que, no EP anterior, eu vilanizei dentro da licença poética que me é devida como artista”, completa o cantor que acumula mais de 253 mil plays na canção que dá nome ao EP de 2020.

O lançamento, ainda, chega no encerramento do mês dedicado ao Orgulho LGBTQIAP+ para salientar a beleza e complexidade do amor em todas suas formas de amar. “Nossos amores são tão reais, fortes, válidos, profundos quanto as histórias de amor das pessoas cis-hetero. Eu amei tanto esse homem dessa música e fui tão amado por ele. Mas, por todos os pesos das estruturas heteronormativas, existe um peso social de que nossos amores são uma segunda categoria de sentimento e nos é negado o acesso a tantos espaços”, diz.

MAIS DA MPB

A canção foi produzida há alguns anos e conta com uma estrutura na melodia que lembra o clássico romance de MPB, a qual o músico vem se aproximando ainda mais. “Ainda assim, trouxemos influências do rock, indie, pop e até eletrônico. Esse lançamento antecipa uma nova fase em que traremos mais músicas nessa forma clássica de MPB, com uma contemporaneidade eletrônica”, afirma.

A sonoridade leve auxilia na atmosfera de amor e término a partir de uma perspectiva bem madura e bonita. “A mensagem que quero passar é que o fim do relacionamento também é parte de uma história de amor, e que a dor da separação é o preço que se paga por amar”, salienta Jona.

NADA ‘HÉTERO-FRIENDLY’

Já o clipe de “Último Gesto” foi gravado em Florianópolis, em uma locação no Ribeirão da Ilha, em que Jona contracena com os atores Luiz Castro e o Emanuel Barbosa, sob a direção de Pedro Oliveira. No roteiro assinado pelo próprio cantor, a quebra de modelos normativos segue se apresentando. “Quis mostrar que o afeto romântico não é uma monocultura como a norma social monogâmica nos programou para acreditar”, conta o artista que, ainda, usou de recursos como flashbacks e caracterização para demarcar a linha do tempo em que se passa o clipe.

“Utilizei elementos narrativos de romance para trazer detalhes cênicos que expressam a beleza e a profundidade de uma história de amor vivida por dois homens, mas sem ser uma produção hétero-friendly daquelas que tem uma ou outra troca de carinhos mais modestas com o cuidado de ‘não chocar’. Neste trabalho, neste meu momento, não mais. Nesse clipe tem beijão, tem nudez e cenas quentes, como seria com um casal normativo também”, finaliza.

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