CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Bate à Porte” apresenta suspense apocalíptico afiado

Filmes sobre apocalipse não são nenhuma novidade. Mas, quando a abordagem é diferenciada, vale a pena dar uma chance e ver no que deu. Como é o caso de “Batem à Porta”, o novo filme dirigido e coescrito por M Night Shyamalan, que chega às salas brasileiras nesta quinta-feira (2).

Responsável por produções aclamadas como “O sexto sentido” e “Fragmentado”, Shyamalan embarcou em uma trama densa e bastante reflexiva. Nela a jovem Wen (Kristen Cui) e seus pais adotivos, Eric (Johnathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge), são feitos reféns por quatro estranhos armados que exigem uma escolha impensável para evitar o apocalipse. O que era para ser apenas férias tranquilas em uma charmosa cabana, se transforma em um dia de devastador para a vida de todos os envolvidos.

Do outro lado da história, a trama baseada no livro “O Chalé no Fim do Mundo” (The Cabin at the End of the World), de Paul G. Tremblay, apresenta o professor de educação infantil Leonard (Dave Bautista), a enfermeira Sabrina (Nikki Amuka-Bird),o funcionário público Redmond (Rupert Grint) e a cozinheira Adriane (Abby Quinn). O quarteto quer que a família decida entre si quem será sacrificado para que a humanidade seja salva. E neste ponto o longa entrega um de seus principais questionamentos: você seria capaz de sacrificar alguém que você ama para evitar a morte de bilhões de pessoas? E o tempo aqui é um dos inimigos, já que catástrofes poderão acontecer no passar das horas, até que não sobre nada.

Apesar de cenas que mostram a vida de Eric e Andrew antes de adotarem Wen, o longa foca o presente e as decisões atuais. Além disso, em meio ao caos que os momentos de paz na cabana se transformou, questões que envolvem a Bíblia são tratadas e o quarteto invasor chega a ser relacionado com os Cavaleiros do Apocalipse. Tudo parece não fazer sentido e as emoções são postas à flor da pele. O desespero toma cada vez mais conta da familia e a trilha sonora de Herdís Stefánsdóttir torna cada ato ainda maior para quem está assistindo.

Além do roteiro bem construído e os detalhes da cenografia, chamam a atenção em “Batem à Porta” as atuações, em especial de Dave Bautista. Quem tem em mente sua atuação apenas como o Drax de “Guardiões da Galáxia”, se depara com um personagem muito mais profundo, com alta carga dramática. Outra grande surpresa fica pela pequena Kristen Cui, que entrega emoção a todo momento e traz leveza no meio do caos. Também vale ressaltar que todo o elenco é afiado e cada momento é levado ao máximo dos sentimentos, em uma trama onde você não vai encontrar um vilão, mas pessoas querendo sobreviver, cada uma com seus motivos e crenças.

“Bate à Porte” poderia facilmente seguir todos os passos do livro que lhe serviu como referência. Qual seria o resultado, nunca vamos saber. O que se sabe é que a autonomia de M Night Shyamalan e sua equipe em determinar certos rumos, somado ao equilíbrio do elenco, entregou um ótimo filme, onde valores são postos à prova e a emoção toma conta de todos os momentos.

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