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CRÍTICA: “M3gan” traz suspense e sarcasmo em terror pontual e empolgante

Para quem estava com saudades de ver um brinquedo tocando o terror nas salas de cinema, é válido avisar que “Megan” chega nesta quinta-feira (19) as salas do Brasil. Uma trama de James Wan, a novidade traz a mistura de drama, terror e ficção cientifica, com boa dose de humor e a direção precisa de Gerard Johnstone. 

Se Anabelle estivesse “viva”, morreria de inveja de sua colega de brinquedo. A começar que Megan não é uma mera boneca jogada pelos cantos de uma casa. O protótipo futurista criado pela robótica Gemma (Allison Williams) é muito mais carismático e desperta muito mais interesse em ter por perto. Desenvolvida em paralelo a um outro projeto para empresa de brinquedos em que Gemma trabalha, Megan tem movimentos próprios, fala e também tem seu raciocínio desenvolvido por um software avançado. Depois de uma primeira tentativa frustrada de apresentação forçada, a doll teve finalmente o aval para ser produzida e, após um promissor primeiro contato com a pequena Cady (Violet McGraw), passa a ser sua companheira inseparável, quase uma espécie de tutora temporária. 

Ter a tecnologia ao nosso favor parece ser algo positivo, mas pode acarretar também um grande problema: a dependência. Cady acabou de perder seus pais em um trágico acidente de carro. Gemma, como já havia prometido à irmã, ficou com a guarda da sobrinha, mas não tem qualquer jeito para cuidar de crianças, mesmo que seu trabalho seja desenvolver brinquedos para elas. A sintonia entre sua sobrinha e a boneca é a solução perfeita para que ela tenha mais tempo para se dedicar ao trabalho, testando todas as funções e corrigindo falhas de seu invento revolucionário, que está prestes a ser apresentado ao mundo. O que ela não estava nos planos da robótica era que a sobrinha passasse a ter Megan como seu maior espelho. Neste ponto, vale destacar que o filme reflete a realidade de muitas famílias da vida real, onde os filhos ganham celulares de última geração de forma precoce e praticamente não os largam durante todo o dia. Não há uma limitação e a maioria só busca uma providência quando já é praticamente tarde demais. 

Além de representar em vários momentos a dependência de Cady por Megan, um efeito nítido do abandono de Gemma ao escolher focar mais nos prazos do trabalho e não na dor da perda da sobrinha, vemos aqui um forte instinto de posse da boneca menina. Megan tem como uma de sus “responsabilidade” proteger Cady e começa a levar seu papel ao extremo. Seu raciocínio super avançado evolui cada vez mais e isso faz dela algo totalmente imprevisível. Gemma, como sua criadora, sabe os comandos para limitar sua atuação, mas até quando eles vão funcionar? E é exatamente aí que o filme nos faz questionar até que ponto o avanço tecnológico, a possibilidade de fazer uma máquina pensar por si só pode ser prejudicial por um outro lado, especialmente para a humanidade. 

Como já exposto, a inteligência de Megan é algo que está à todo momento se aperfeiçoando. Junto com ela vem seus feitos nada adequados para proteger (rsrs) Cady. Em tais cenas vemos, além do lado mais sombrio da boneca, também o seu sarcasmo. Nesta mistura de violência e frases memoráveis, temos boas doses de humor, se é possível classificar assim. E vale ressaltar que ela consegue ser tão debochada quanto o seu colega Chucky, um dos bonecos mais temidos da história dos cinemas. 

“M3gan” é sem dúvidas a estreia mais satisfatória destas primeiras semanas de 2023. Gerard Johnstone foi bem pontual nas barbaridades da bonequinha e não economizou no suspense e bom humor, com destaque para seu momento cantando Titanium, de Sia e David Guetta. Depois de assistir, você vai até olhar diferente para a assistente virtual de sua casa…

 

Por Robson Cobain

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