CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston” é emocionante e respeitoso

Chega às salas de cinema do Brasil nesta quinta-feira (12), “I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston”. Mais que se encantar com os grandes clássicos de sua carreira, os fãs terão acesso à estrela por trás dos holofotes, com seus momentos bons e também os ruins.

A Kasi Lemmons é a responsável por dirigir de forma tão delicada esta produção de duas horas, que caminha por vários momentos da vida de Whitney, desde de seus tempos de coral da igreja, a assinatura de um grande contrato, entrada para o mundo do cinema e outros acontecimentos importantes da vida da saudosa estrela, eternamente conhecida como “A Voz”. Ao lado da cineasta, também vale ressaltar a produção de Clive Davis, um dos maiores nomes da indústria musical mundial, inclusive bastante importante na vida e carreira de Whitney Houston, além do roteirista Anthony McCarten, com uma visão também tão respeitosa ao ajudar a contar os passos da diva.

Se por trás das câmeras “I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston” conta com uma equipe de alto nível, na frente não é diferente. A começar pela força de Naomi Ackie ao dar vida a uma lenda da cultura mundial. A protagonista consegue passar as várias camadas de sentimentos que fizeram parte da atribulada vida de Whitney Elizabeth Houston, dos seus amores, dramas e desejos profissionais. Stanley Tucci traz uma ótima base para Ackie ao viver Clive Davis (já citado aqui como o produtor do longa). Nafessa Williams também se destaca ao dar vida a Robyn Crawford, que podemos destacar também como o primeiro grande amor da diva e também um grande apoio durante toda a sua vida. É importante destacar também as atuações de Tamara Tunie e Clarke Peters como Cissy Houston e John Houston, os pais de Whitney.

Com todos os grandes nomes apresentados, aborda-se agora o que é apresentado em tela. Quem acompanhou a carreira de Whitney Houston provavelmente sabe que Cissy Houston (89 anos), é uma grande cantora e foi uma de suas principais inspirações além de incentivadora a seguir o dom da música. A rigorosidade nos ensaios com a mãe e o trabalho como backing vocal da mesma são destacados logo no início da trama. Outro momento abordado logo nos primeiros momentos é o início da história de Whitney e Robyn, que se tornou sua assistente criativa e braço direito, o que gerou também alguns conflitos com seus pais e futuramente com seu marido, Bobby Brown. Na assinatura de seu primeiro contrato com a Arista, temos a oportunidade de ver a genialidade da mente da artista, que não se contentava em ser a voz de um estilo de música em específico, frisando que gostava de cantar coisas grandiosas, independente da vertente. E foi justamente esta liberdade que a fez estourar, inclusive entre o público branco americano, e a antipatia por “não ter uma voz negra”. Com as interações entre Whitney e Clive, vemos um pouco de todo o processo de seleção das músicas que a diva gravava e as modificações que ela fazia durante a curadoria.

Ao passar do tempo, o roteiro aborda um pouco mais da vida pessoal de Whitney, principalmente seus relacionamentos e inseguranças trazidas pela sua vida na igreja. Neste ponto o filme entrega o momento mais comovente entre a artista e sua melhor amiga e grande amor. Ao destacar os recordes e prêmios que a estrela concorria ou ganhava, é introduzido Bobby Brown (Ashton Sanders), que em pouco tempo virou noivo e em seguida marido. O que no início parece uma relação boba de dois namoradinhos da américa, com o passar do tempo mostrar que não é bem assim e como este relacionamento contribuiu para o declínio da estrela. Neste ponto, o filme deixa claro também que o cantor, hoje com 58 anos, não foi a única decepção na vida da cantora, que também teve sérios problemas com o pai, responsável por administrar suas finanças e a deixar em uma situação bastante complicada.

Depois que ganhou as paradas de sucesso, a vida de Whitney Houston também adentrou outras áreas, como o cinema. Aqui nós vemos como ela passou a se interessar pela sétima arte e a chegada de “O Guarda Costas” em suas mãos. O roteiro destaca também a gravação do longa e um momento que fez com que as filmagens fossem interrompidas. Outras experiências da artista com a telona são apenas citadas.

Ponto de grande curiosidade de muitos, os problemas de Whitney com drogas são abordados. E é justamente neste quesito que temos a maior demonstração de sensibilidade de Kasi Lemmons e sua equipe. A questão é passada de uma forma que respeita o tempo todo a memória da artista, que teve uma vida que tinha tudo para ser um sonho, mas que foi mergulhada em um mar de decepções.

Por fim, “I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston” é uma bela e respeitosa homenagem à grande Whitney Houston, A Voz, que partiu aos 48 anos. É o tipo de filme que, por mais que você já entre na sessão sabendo o que vai acontecer no final, ao acompanhar toda a história fica o desejo de desfecho diferente. É um trabalho que emociona do início ao fim e te faz querer ouvir as músicas assim que sai da sala.

Por Robson Cobain

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