CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: Em “Licorice Pizza”, Paul Thomas Anderson nos entrega mais uma pequena obra-prima

Licorice Pizza, que estreia nesta quinta-feira (17), é o mais novo trabalho dirigido e escrito por Paul Thomas Anderson. O filme chegou aos EUA em novembro de 2021. Desde então, vem sendo louvado por diversos críticos de cinema em todo o mundo, ganhando diversos prêmios. A produção em si foi repleta de mistérios desde o período que foi anunciado até a exibição. Não se sabia maiores informações e isso criou um grande alarde do que estava por vir. O único spoiler possível era que seria uma produção rodada no início dos anos 1970 em Los Angeles, EUA.  

Na história, o diretor emprega sua marca costumaz e esbanja referências ao estilo similar ao que Quentin Tarantino explora em “Era uma Vez em…Hollywood”, de 2019. O filme é obviamente feito por alguém com experiência em primeira mão de como foi crescer perto da indústria de entretenimento de Los Angeles.  

 A premissa básica é a relação entre Gary (Cooper Hoffmann) e Alana (Alana Haim), onde o jovem de apaixona pela garota 10 anos mais velha do que ele. As relações se estreitam quando decidem iniciar diversas imersões a negócios para ganhar dinheiro. Aqui temos uma espécie de comédia romântica nostálgica a partir de uma jornada. O que é a vida? Quais são os objetivos que se propõe a alcançar?  Esses questionamentos nos permitem nos deixar aflitos para qual lugar a vida destes dois jovens está a seguir. Nada mais que uma série de vinhetas do que uma narrativa contínua, que captura a estranheza, o desespero individual ao meio do caos.  

Os protagonistas são cativantes e agradáveis, em diversos momentos a relação de ambos tem exibido o ápice do amor platônico e espinhoso. Tal relação é prejudicada por dois longos segmentos com Sean Penn e Bradley Cooper (este indicado ao SAG por uma atuação bastante curta, mas de grande impacto já na parte final de exibição). A entrada dos dois coadjuvantes é muito significativa, mas fica por uns momentos difícil de saber qual era o real objetivo dos dois ali, nada que tire o brilho dos dois na obra em questão.   

Diversos conflitos estão a acontecer o tempo todo com os personagens, a família, amigos, trabalho e acontecimentos diversos formam aqui uma miscelânia de eventos, guiados por fatos históricos relevantes para a Los Angeles da época. A natureza episódica de tudo isso combinada fará com que você ame ou odeie o ritmo do filme. Em nenhum momento o roteiro lhe deixa descansar, pois sempre tem fatos que querendo ou não, vai te fazer rir. 

Tecnicamente, Licorice Pizza é perfeito. Ponto alto para a trilha sonora por Jonny Greenwood que é pouco escutada em suas partituras incidentais, mas de excelência quando exibida, alternando ao excelente trabalho de músicas adicionais famosas na época, de modo que nos consegue dar a ideia de caos que o filme transborda. Posso citar ainda pontos positivos como  desenho de produção que é encantador, extremamente refinado, além da fotografia em tons de pastel. 

A produção foi indicada a três prêmios do Oscar: melhor filme, melhor direção e roteiro original, pelo qual é favorito. Creio que vença  aqui e assim quebre a grande jornada pela qual Paul Thomas Anderson tem desde 1997, indicado a 11 vezes, sem nenhuma vitória.

 

Por Leandro Cerqueira, Colunista Convidado

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *