O Rio Montreux Jazz Festival convidou o artista plástico Kobra para desenvolver o pôster da terceira edição do evento, que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 12 e 14 de outubro de 2023. Como tradição do Festival de Montreux na Suíça, que acontece desde 1967, os pôsteres são um patrimônio evento e uma importante peça de comunicação do festival. Seguindo a tradição aqui no Brasil, o Rio Montreux Festival traz esse DNA do festival suíço desde sua primeira edição em 2019.
“Sempre gostei muito do trabalho do Kobra, gosto da sutilileza, da leveza e do seu preciosismo que aborda em suas obras. Quando conversamos e fiz o convite, ele ficou muito feliz e disse que seria muito especial na carreira dele. Topou de cara”, diz Marco Mazzola, CEO do Rio Montreux Jazz festival, que fez o convite a Kobra.O processo de criação
O artista, que se especializou em trabalhar com diferentes materiais ao longo de sua carreira, reforça que o principal componente para o desenvolvimento do pôster do Rio Montreux Jazz Festival 2023 foi a inspiração. A obra remete aos movimentos das mãos nos instrumentos musicais. Kobra destaca como esses movimentos, tão diferentes entre os instrumentos, acabam interconectados.
“Quando percebi isso, vi que poderia compor, literalmente, a minha peça com essa sensação – retirando os instrumentos e deixando apenas os movimentos das mãos”, conta Kobra. “Esse convite me permitiu trazer um pouco do meu trabalho, que tem conexões com a música há alguns anos. E agora, poder refletir isso em um pôster que é icônico, simbólico, na cidade do Rio de Janeiro é muito consistente. E aqui pude trazer também um toque de brasilidade”, finaliza.
O destaque está nas razões que levaram à criação desta peça. A partir desse momento, Kobra utilizou papel cartão, lápis e borracha – técnica antiga e bem simples -, somando depois canetas poskas coloridas, para criar os primeiros movimentos que imaginou.Após essa etapa, o artista fez uma pesquisa mais aprofundada sobre os movimentos reais das mãos dos músicos com seus instrumentos, aprofundando e evoluindo os primeiros desenhos do papel cartão. Nesse momento, Kobra traz o aerógrafo, com uma técnica mais de sombreamento e de ilustração. Na sequência, as imagens foram escaneadas e finalizadas digitalmente.
Kobra e a música
Ritmos como hip hop e street tiveram forte influência na história e trajetória de Kobra como artista. Com a oportunidade de viagens por diversos países, o contato com diferentes estilos musicais teve impacto direto em seu trabalho e processo criativo. “Quero dar minha contribuição para esses gênios da música, sobre os quais estou sempre aprendendo e espalhando murais pelo mundo inteiro. É muito significativo para a minha trajetória poder contribuir com o pôster, que é uma peça que fica para a história, em um festival dessa magnitude, com essa relevância mundial”, reforça Kobra. A trajetória do artistaArtista plástico de 48 anos, Eduardo Kobra tem 3.000 murais, em cerca de 35 países, incluindo diversas cidades e estados brasileiros e dois murais que já entraram para o Guinness World Record como “o maior mural do Mundo”.
Em todos os trabalhos, o artista urbano busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto. Entre os temas mais presentes na obra de Kobra estão a paz, a tolerância, a ecologia, a sustentabilidade e o respeito à diversidade. Entre os painéis icônicos do artista estão: “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro; “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” (Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Entre grandes nomes da música já retratados por Kobra em suas criações estão Bob Dylan, Dizzy Gillespie, Amy Winehouse e Janis Joplin.