CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Till: A Busca por Justiça” traz visão sensível de uma história real e revoltante

Não é fácil levar para as telas a representação de uma história real. Se ela está atrelada a muita dor, torna-se ainda mais difícil. Em “Till: A Busca por Justiça”, temos um destes exemplos, repleto de dor, indignação e desejo de um mundo em que a justiça seja realmente feita.

Com estreia nesta quinta-feira (9), “Till: A Busca por Justiça” traz Chinonye Chukwu como diretor e roteirista. Ele traz para as telas a biografia de Emmett Till, morto aos 14 anos, no ano de 1955, e a luta judicial de sua mãe, Mamie Till, por justiça. Chamado de Bobo, o jovem negro muito simpático e gentil viajou de Chicago para o Mississippi para visitar a família. Sua mãe lhe passou várias orientações sobre o local, principalmente para tomar cuidado e evitar qualquer tipo de confusão, pois os negro eram tratados de maneira hostil. Mesmo com o aviso, Emmett não imaginava que seria linchado até a morte simplesmente por fazer um elogio a uma branca, Carolyn Bryant. A notícia de que seu filho foi retirado de casa no meio da noite e estava desaparecido foi chocante para Mamie e, em seguida, saber que encontraram o corpo, trouxe seu mundo a baixo.

Para retratar todo o momento citado, Chukaw parte do olhar de Mamie Till. No longa ela é representada de forma extremamente sensível por Danielle Deadwyler. É possível sentir em seus olhos e palavras toda a força e sensibilidade que precisou para recriar momentos tão angustiantes vividos por Mamie. Suas lágrimas representam as da mãe de Bobo e de tantas outras pessoas que perderam suas vidas naquela época e também no decorrer dos anos, apenas por serem negras. A dor infelizmente, por mais que haja uma mudança na sociedade, cenas brutais envolvendo pessoas negras não para de existir. A dor também é vista em outros rostos na tela, como Whoopi Goldberg, que teve a responsabilidade de viver Alma Carthan, mãe de Mamie, e que incentivou o neto a viajar para ver os primos. Ela carregou com em si o sentimento de culpa, já que sua filha era contra a ida até o Mississippi. Vale também pontuar mais um grande trabalho do jovem Jaylin Webb, como Emmett, ema atuação sincera e que nos momentos menos tenso traz leveza através do sorriso.

Escolher contar a história pelos olhos de Mami foi um dos maiores acertos de Chinonye. E ele teve outros também, como não tornar explícito o linchamento brutar sofrido por Emmett, mas revela o corpo com o rosto desconfigurado pela violência que sofreu. E nesses detalhes, o roteiro só ganha força, enquanto aborda sem sensacionalismo a revolta, principalmente pela forma como a justiça é falha.

Diante do momento em que tudo aconteceu, não é muito difícil imaginar o rumo que o julgamento toma. A diretora também enfatiza que a Lei Anti Linchamento Emmett Till só foi aprovada nos EUA apenas em 2022, o que traz tudo para a a atualidade. No fim, o sentimento de quem assiste é de querer abraçar Mamie Till, que faleceu no ano de 2003.

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