A participação da mineira Natália Deodato no Big Brother Brasil 22 levantou diversas discussões sobre o vitiligo. Além das muitas dúvidas sobre como a doença se desenvolve e os principais cuidados que se dever ter, surgiram questionamentos sobre a qualidade de vida e a saúde emocional de quem vive com essas pequenas lesões espalhadas pelo corpo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o vitiligo atinge cerca de 0,5% da população mundial. No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas possuem diagnóstico da doença, que é identificada pela perda total da pigmentação em partes da pele. A patologia, que não é contagiosa, mesmo não tendo uma causa específica e definida, pode se desenvolver em qualquer pessoa a partir da ansiedade, do estresse, do trauma físico e pelo contato com algumas substâncias químicas.
“A doença ocorre através da destruição das células que são responsáveis pela produção de melanina: os melanócitos”, explica a Dra. Larissa Abreu, formada em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em dermatologia e uma das profissionais do corpo clínico da Áurea Dermatologia Integrada. A médica pontua que não existe cura para o vitiligo, mas que pode ser feito o controle e a repigmentação das áreas acometidas, através de tratamento e acompanhamento médico.
O surgimento das manchas pode acontecer em qualquer idade. Geralmente, a lesão é de coloração branca, mas sem nenhum outro sintoma associado. Não coça, nem arde, mas são mais sensíveis à exposição ao sol. “Não existem maneiras de prevenir o surgimento da doença, somente a avaliação médica determinará o diagnóstico”, comenta a Dra. Larissa Abreu.
Os cuidados após o diagnóstico são essenciais para evitar lesões devido à exposição excessiva ao sol. O paciente pode levar uma vida normal, porém, precisa estar atento aos cuidados específicos para traumas mecânicos. De acordo com a dermatologista, é necessário evitar o uso de roupas muito justas, controlar o estresse e evitar contato com substâncias derivadas do fenol, por exemplo.
“É de suma importância que o paciente mantenha os cuidados de proteção, como o uso do protetor solar na face e no corpo, roupas de proteção UV, óculos escuros, chapéus e bonés, e evitar a exposição em horários de maior incidência de radiação UV, ou seja, entre as 10 e as 16 horas”, alerta a dermatologista.
Vitiligo e Albinismo
Em uma das suas conversas no BBB 22, Natália afirmou que com o passar do tempo a pessoa diagnosticada com vitiligo poderia chegar ao estágio do albinismo. No entanto, essa afirmação é equivocada, uma vez que as doenças não têm relação entre si e são desenvolvidas devido a fatores genéticos diferentes.
Diferente do vitiligo, em que ocorre a perda da coloração da pele, no albinismo o indivíduo não produz melanina, ou seja, os melanócitos, responsáveis pela produção da pigmentação da pele.
“No vitiligo, as células que produzem a melanina são destruídas, já no albinismo as células estão lá, mas não conseguem produzir o pigmento. No vitiligo, nem todo paciente terá acometimento do corpo inteiro, a doença pode ser localizada ou generalizada”, detalha Dra Larissa Abreu.
Autoestima
Natália foi diagnosticada com vitiligo quando criança, aos 9 anos de idade, e no início tentava esconder as manchas. Esse sentimento de vergonha e mal estar estético acomete grande parte dos pacientes. No entanto, nomes como Sophia Alckmin, Luiza Brunet e a top model Winnie Harlow exaltam a beleza das pessoas com vitiligo.
Para a dermatologista Larissa Abreu, reconhecer e valorizar a singularidade de cada pessoa é fundamental para a quebra de estereótipos e valorização da beleza única que se manifesta através das diferenças. Com a popularização da internet e a reformulação dos padrões estéticos, por exemplo, temos visto, cada vez mais, representatividade em produtos comerciais e isso tende a gerar um impacto positivo na autoestima dos pacientes.
“Cada ser humano é único e belo com todas as suas diferenças e peculiaridades, e é justamente isso que nos torna únicos. Imagine só se fôssemos todos iguais, qual seria a graça?! Cada sinal, cicatriz, mancha, assimetria, fazem parte da história de cada um de nós, e devem ser valorizadas e respeitadas como marcas de uma trajetória que culminaram na nossa melhor versão”, opina a dermatologista completando: “mesmo assim, apesar de tudo, é sempre válido realizar consultas com uma dermatologista para fazer o tratamento e entender o que está acontecendo”.