Uma das franquias de maior sucesso dos cinemas, acaba de ganhar um novo capítulo. Agora, em animação, somos apresentados à história não contada do Abismo de Helm, a fortaleza que ficou conhecido na jornada de Aragon, Legolas e Gimli, e conhecemos o legado do rei Helm Hammerhand (Brian Cox), do reino de Roham.
O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim se passa 183 anos antes da trilogia já conhecida nas telonas. Após um evento fatídico, a paz no reino é ameaçada por um juramento de vingança de Wulf (Luke Paqualino), lorde do povo Dunlending. Mesmo com a figura imponente do rei, aqui o grande foco e responsabilidade fica à cargo de sua filha, Hera (Gaia Wise), uma jovem destemida e que quer muito mais que apenas se casar e ter uma vida entediante de princesa em algum castelo do reino.
O príncipe Wulf, banido por Helm do reino tem a vingança pela morte do pai como combustível para sua jornada em busca da tomada de Roham. Sua determinação chega a mostrar fragilidade diante do amor que tinha por Hera, sua amiga de infância, com quem sonhava casar. A partir do momento em que o vilão percebe que seu amor não é correspondido pela jovem, que nutri apenas um grande carinho por ele, sua motivação parece mudar, transitando entre o ódio pelo rei e o sentimento de rejeição. Com o decorrer da história, a obsessão dele demonstra traços do que hoje em dia chamaríamos de “hétero top com orgulho ferido” e um possível relacionamento tóxico do qual Hera se livrou.
A jovem Hera nesta obra funciona perfeitamente como a heroína. Sua personalidade mescla a coragem e determinação de uma grande e sonhadora guerreira à delicadeza com que interage com seus súditos durante a árdua batalha que os assombra. Mesmo com todas as imposições do rei, que a imagina casada por algum acordo político entre reinos, ela sempre deixa claro que não é o destino que vislumbra. Ela também é a única a se importar com Wulf após seu banimento, buscando notícias sobre ele incansavelmente.
Além de um bom time de protagonistas, O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim se destaca pela beleza e detalhes de sua arte gráfica. O longa animado em 2D conta com traços delicados e pintura milimetricamente cuidadosa. A atenção aos efeitos de imagens ligados ao clima, em especial o feroz inverno, impressionam e até fazem esquecer por um momento que não estamos falando de um live action. A trilha sonora também ajudam a ambientar a trama, com suas canções épicas sobre heróis bem detalhadas e instrumentais épicos. Vale destacar também o ótimo trabalho de dublagem de todos os personagens.
Mais do que uma nova história do universo de O Senhor dos Anéis, A Guerra de Rohirrim é uma mostra consistente da força feminina. Aqui, não só Hera tem destaque. Éowyn (Miranda Otto), uma sabia escudeira, é um dos principais pontos de apoio da heroína em sua jornada. Sua experiência traz sempre bons conselhos e a motivação necessária para que o povo não Rohem não se entregue.
Em suas 2 horas de duração, que passam sem percebermos, O Senhor dos Anéis, A Guerra de Rohirrim é uma história empolgante, que também funcionaria facilmente em live action. Uma jornada inspiradora de uma heroína que, como o próprio texto diz, não está nas canções sobre os heróis, infelizmente.
Nota: 4.5/5