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Janeiro Branco: especialista desvenda a conexão entre saúde mental e digestiva

No mês de conscientização sobre saúde mental, o Janeiro Branco, uma nova perspectiva surge ao destacar a íntima relação entre a saúde mental e a saúde digestiva. De acordo com Vanessa Teixeira, especialista em gastroenterologia na CliaGEN – Clínica de atenção em Gastroenterologia, Especialidades e Nutrição – , a conexão eixo cérebro-intestino é mediada pelo sistema nervoso central e entérico, e a microbiota intestinal, que interagem de forma complexa, formando uma ligação bidirecional que influencia tanto a função intestinal quanto o bem-estar psicológico.

A medicina tradicional há muito tempo reconhece o impacto do intestino na saúde geral, e a ciência contemporânea reforça essa ligação por meio do estudo da microbiota intestinal. “Ela é composta por milhões de microrganismos, é fundamental nesse processo, pois participa na produção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA, além de ácidos graxos de cadeia curta, influenciando diretamente o estado emocional”, esclarece a profissional.

Esses microrganismos não apenas auxiliam nos processos digestivos e na absorção de nutrientes, mas também desempenham um papel importante na função imunológica e na defesa contra agentes patógenos, ou seja, organismos que causam doenças. “Alterações na sua composição, conhecidas como disbiose, podem desencadear uma variedade de distúrbios gastrointestinais e outros problemas de saúde”, completa a gastroenterologia.

Com o avanço da urbanização e as crescentes demandas da vida moderna, o estresse se tornou uma constante, contribuindo para o aumento de transtornos psiquiátricos e distúrbios gastrointestinais funcionais, como a síndrome do intestino irritável, refluxo, distensão abdominal funcional, entre outros. A maior permeabilidade intestinal que resulta desse processo permite que bactérias e produtos bacterianos se infiltrem na corrente sanguínea, ativando respostas inflamatórias sistêmicas, muitas vezes associadas a transtornos psiquiátricos relacionados ao estresse, incluindo a depressão.

O foco na saúde mental do século XXI não se restringe mais ao cérebro. Ele se estende ao complexo ecossistema microbiano do trato digestivo, apresentando novas abordagens para o tratamento de transtornos mentais e redefinindo nossa compreensão de saúde mental. “Essa mudança de paradigma nos convida a repensar a dicotomia mente-corpo, promovendo uma visão unificada da saúde humana onde o equilíbrio entre mente e corpo é essencial para o bem-estar geral”, finaliza a médica.

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