A cantora Claudia Leitte tem recebido um grande número de críticas nas redes sociais, após mudar, mais uma vez, a letra da música “Corda do Caranguejo”. Durante apresentação de um de seus maiores hits no ‘Soul de Rua’, realizado no sábado (14) no Candyall Guetho Square, em Salvador, Claudinha trocou a estrofe “Joga flores no mar. Saudando a rainha Iemanjá” para “Joga flores. Eu canto meu rei Yeshua”, devido sua religião.
Em um texto publicado em seu instagram nesta terça-feira (17), o Secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, dissertou sobre as homenagens aos 40 anos do movimento Axé Music e, ressaltando a importância das religiões de matriz africana na construção. Em um trecho, o também produtor cultural e escritor falou sobre a retirada de nomes de Orixás das músicas, como aconteceu na apresentação de Claudia Leitte. “Quando um artista que se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e a cultura, reverencia a percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é o surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo”, disse Tourinho.
A publicação, que recebeu apoio de nomes como Ivete Sangalo e Teresa Cristina, tendo os comentários desativados tempos depois, foi logo associada à atitude de Claudia Leitte. A mesma já vinha sendo cobrada nas redes sociais, com vídeos do momento da apresentação sendo compartilhado pelo público e páginas de celebridades e veículos de comunicação. Muitos questionaram o p porquê a artista segue no movimento da Axé Music, mesmo sabendo que as religiões de matriz africana são de extrema importância para o mesmo.
Diante da repercussão de sua publicação, que tomou proporções fora do seu propósito, Pedro Tourinho veio à redes sociais mais uma vez, agora para deixar claro para quem não entendeu o real intuito do que foi dito. “Amigos, essa questão que levantei é muito mais sobre o todo do que sobre a parte, e maior e mais endêmica do que qualquer caso isolado.”, escreveu no início da publicação.
E, de fato, o que aconteceu na apresentação de Claudia Leitte é apenas um episódio do que acontece não só entre os artistas da Axé Music, mas com outros que participam de projetos onde há a presença da cultura africana e mudam palavras, frases ou se silenciam.
Foto: Nara