CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Como Vender a Lua” vende sem dificuldade

Em um mundo onde os filmes de heróis e tramas mirabolantes são os mais comuns, ainda existe espaço para uma comédia romântica bem construída. Com uma história bem definida, “Como Vender a Lua”, uma produção Apple e Sony, é o exemplo de que é possível sair do óbvio e entreter o público, que vem demonstrando certo cansaço com o que vem chegando às telonas.

Bem vindo aos Estados Unidos do anos 60. Nesta época, o país está em uma acirrada disputa com a União Soviética para chegar aos espaço. Os americanos ficam em desvantagem, já que os soviéticos enviaram primeiro um astronauta e um cachorro para fora do planeta. Para tentar superar seus adversários, os EUA quer ir além e pisar na Lua. O grande problema está na falta de investimento na NASA e é onde entra o trabalho de Kelly Jones (Scarlett Johansson), uma incrível profissional de relações públicas de Nova York, que recebe a missão de trazer os olhos públicos para a empreitada.

A escolha de Kelly para assumir a publicidade da NASA não foi um mero acaso. Suas estratégias para vender produtos de clientes da empresa que trabalha chamou a atenção de Moe Berkus (Woody Harrelson), agente do governo que investigou toda a sua vida e a leva para Flórida. Na empresa espacial, Jones conhece Cole Davis (Channing Tatum), o chefe do programa espacial e pessoal com quem terá que trabalhar diretamente para por em prática seus planos de mídia mirabolantes, como contratar atores para dar entrevista no lugar de membros da equipe espacial. Claro, eles não concordam em nada, mas o trabalho precisa ser feito.

Paralelo ao trabalho, fica claro que a química entre eles é explosiva desde o primeiro encontro. Ainda assim, o clima entre os dois parece estar em segundo plano em boa parte da trama, mas sempre lembrada de alguma maneira. A ligação entre Kelly e Cole vai se construindo através da confiança, que cresce a cada progresso no plano de tornar a NASA o nome mais popular e desejado, seja entre o grande público, políticos ou empresas privadas. Em conflito com a aproximação, há um plano de Moe para que a transmissão da chegada do homem à Lua seja transmitida na TV, ao vivo, mesmo que eles não consigam pisar no solo do satélite.

Além de construir muito bem a estrada para o casal de protagonistas, a trama da espaço para que eles dividam o brilho com seus colegas de cena. Scarlett é o foco em grande parte do tempo, mas divide muito bem as cenas com a atriz Anna Garcia, no papel da assistente Ruby Martins. Ainda há espaço para nomes como Jim Rash brilhar como um diretor de comerciais, além de Noah Robbins e Donald Elise Watkins como funcionários da agência espacial.

O ponto forte de “Como Vender a Lua” é justamente a forma como ele é vendido. Uma direção de Greg Berlanti (“You” e “Com Amor, Simone”), com roteiro assinado por Rose Gilroy, o longa segue uma crescente de acontecimentos, onde histórias são contadas e passados revelados. O romance e a comédia caminham de forma equilibrada, dando espaço também para dramas pessoais. Também não tem como não comentar o importante papel de Johansson, que de nada lembra a também marcante Natasha Romanoff, a Viúva Negra dos filmes da Marvel.

“Como Vender a Lua” é um dos maiores acertos do cinema em 2024. O filme é cuidadosamente construído do começo ao fim, com a chance de fazer o público se apaixonar por seus protagonistas e torcer por um final feliz com a Apollo 11 como pano de fundo. Sem contar o fato de te fazer brincar com a interrogação: o homem pisou mesmo na Lua?

NOTA: 4/5.

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