CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Back to Black” não faz jus a Amy Winehouse

Desde que foi anunciado, o filme biográfico de Amy Winehouse criou uma atmosfera de expectativas no público, em especial nos fãs da saudosa artista. Um dos maiores ícones que o mundo da música já teve, mesmo com seu pouco tempo de estrada, em virtude do fim trágico, a estrela por traz de sucessos como “Rihab”, “Valerie” e “Tears Dry On Their Own” tem sua história apresentada nos cinemas, sob a direção assinada por Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza).

Em “Back to Black”, retirado de um dos seus maiores hits, somos convidados a revisitar a conturbado vida de Amy, começando pelo com ela já aos 18 anos, pouco tempo antes de assinar seu primeiro contrato com uma gravadora. O roteiro apresenta de início a performer que não pensa em direito e sim fazer a sua arte se espalhar e significar algo na vida das pessoas. No decorrer do caminho, a cinebiografia traz a entrada de Blake (Jack O’Connell) na vida da jovem artista, além da relação com o pai, Mitch (Eddie Marsan) e a conturbada luta contra o assédio dos paparazzis.

Para quem acompanhou a carreira e vida de Winehouse, já que, após o estrelato, cada passo seu estava estampado nos tabloides, “Back to Black” tinha tudo para entregar uma cinebiografia emocionante e que ajudasse o público a conhecer e compreender melhor o que acontecida com a artista nos bastidores. Infelizmente, não é isso que acontece. Aqui somos apresentados apenas a uma artista que parece rasa, o que nunca foi, independente dos seus problemas. Sua arte é praticamente reduzida a uma mulher que alcoolizada, que escreve sobre relacionamentos e se entrega a um homem que conheceu no pub. Com o passar do tempo, vemos Amy definhar, ser desumanizada.

Em uma análise mais profunda do que é apresentado em quase duas horas de tela, o que se pode dizer é que chega a ser vergonhosa a forma como Amy é diminuída. Todos sabem que ela passou por muitos problemas, que não tinha uma vida perfeita, mas que era muito boa no que fazia e aparentava ter um coração enorme. Esses momentos de criação e de laços foram reduzidos a quase nada, dando espaço para o que vendia na mídia de fofocas sobre ela, além de não questionar as figuras ao seu redor e o quanto elas colaboraram de forma negativa ou não tiveram um papel realmente importante na tentativa de lhe resgatar do fundo do poço.

Com roteiro superficial de Matt Greenhalgh e direção criativa fraca, onde os fatos da vida de Amy Winehouse são apresentados de forma confusa, “Back to Black” tem como um dos únicos atrativos a atuação do elenco, em especial Marisa Abela como Amy. Um pouco caricata de início, a atuação da atriz vai ganhando força e consegue cativar, chegando perto do que conhecíamos da estrela musical. Ela faz toda a diferença e consegue extrair a mais profunda emoção, seja nos momentos de alegria (poucos) ou nos mais difíceis, como a morte da avó Cynthia (Lesley Manville), as brigas com o ex-marido ou as crises.

Em resumo, “Back to Black” não faz justiça à grande mulher e artista que Amy Winehouse foi, que inclusive tentou lutar contra seu vicio, luta mostrada também de forma rasa. Em sua maior parte, mostra a dona da história como uma pessoa que escolheu caminhos errados e seguiu nele. É triste, não só pelo fim que ela teve, mas pela forma como foi explorada.

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