O cantor e compositor Leo Frangioni
Convidando os ouvintes a participarem, seja cantando, batendo palmas ou improvisando em cima da melodia, a ideia da faixa é retratar as interações comuns como histórias descritivas, conectadas por uma cadência harmônica clássica do samba.
O conceito do bar surge por ser um ponto de encontro entre o estilo musical e os contadores de histórias. A ideia ocorreu naturalmente porque, apesar de o samba estar em quase todos os cenários do país, o bar é onde ele aparece mais descontraído, acessível e miscigenado.
“O som de uma roda de samba esquentando é algo muito característico para a maioria dos brasileiros. Uma salada de instrumentos de cordas e percussão, conversa fiada, palmas fora do ritmo, coros desafinados. Essa é a sonoridade de ‘Rosângela’. O bar é o ambiente natural da música”, conta Leo.
O refrão, um verdadeiro alívio lírico, destaca a singularidade e a fugacidade desses momentos compartilhados. Já o nome “Rosângela” é mais uma peça no quebra-cabeça da composição, sem tirar a importância de outros elementos e expressões da letra.
“Eu poderia passar horas contando cada detalhes das histórias que se passam na letra, incluindo quem é a Rosângela e como ela foi parar no meio da música, mas o ponto de interesse não são os eventos em si e sim a forma como são retratados”, explica.
Levando em conta o período em que a música foi escrita, interações com o mundo externo na pandemia se tornaram fora do comum – algo que já voltou a ser banal com o fim do isolamento social. “Sendo assim, o charme da música está na entrega desses contos, na confusão desconexa, que não resolve em momento algum, mas, é abordada no refrão como ‘aquela história pra lá de estranha'”, completa Leo.
A faixa, indicada aos amantes de boteco, transmite uma sensação de diversão e imersão, narrando um momento entre pessoas que dançam e cantam, além das que apreciam a história contada ao som de uma roda de samba. “A música desperta a vontade de participar, mesmo para aqueles que não conhecem a letra”, diz.
A inspiração, para Leo, se dá quando ele busca materializar uma mistura de ritmo, harmonia e poesia que vem à sua mente. Suas faixas são resultado desse processo criativo que é, muitas vezes, guiado por referências e experiências pessoais. O artista traz como referência Bezerra da Silva, assim como o álbum “Espiral de Ilusão”, do Criolo.
Foto: Pamela Lahaud