O sistema imunológico é responsável por defender o corpo contra agentes invasores, como bactérias e vírus, mas em doenças autoimunes, ele ataca erroneamente tecidos saudáveis do próprio corpo. De acordo com a reumatologista da Clínica IBIS, Dra. Marcella Barretto, a razão exata para isso não é totalmente compreendida, mas fatores genéticos, ambientais e hormonais desempenham papéis importantes, além disso, outros aspectos de risco específicos do sexo feminino também podem contribuir”, afirma a médica. Dentre as principais patologias autoimunes que afetam predominantemente as mulheres, destacam-se o lúpus eritematoso sistêmico, a artrite reumatóide e a síndrome de Sjögren.
Quanto à prevalência maior em mulheres, a especialista explica que os hormônios sexuais, como os estrogênios e a progesterona, têm um papel importante na regulação do sistema imunológico. Por exemplo, os estrogênios podem aumentar a resposta imunológica, enquanto a progesterona tende a ter efeitos imunossupressores. “As alterações nos níveis desses hormônios ao longo do ciclo menstrual, durante a gravidez e na menopausa podem afetar a função imunológica e aumentar a suscetibilidade a doenças autoimunes. Os receptores de hormônios sexuais estão presentes em muitas células do sistema imunológico, o que também contribui para a influência dos hormônios na autoimunidade”, explica a Dra.
Além dos fatores biológicos, existem outros aspectos que podem ajudar no desenvolvimento de doenças autoimunes em mulheres. Os genéticos, por exemplo, desempenham um papel importante, com certas variantes genéticas sendo mais comuns em mulheres do que em homens. Já as condições ambientais, como exposição a hormônios, estresse e estilo de vida, também colaboram para essa alta incidência na população feminina.
Tratamentos e cuidados
As estratégias de tratamento e cuidados preventivos para mulheres com doenças autoimunes podem variar dependendo do tipo específico de doença autoimune. No entanto, algumas abordagens comuns incluem: terapia medicamentosa, com corticosteróides, imunossupressores, e terapias biológicas específicas; adotar um estilo de vida saudável, através de uma dieta equilibrada, prática de exercícios físicos, prevenção do estresse excessivo e dormir o suficiente; monitorar a progressão da doença e o tratamento conforme necessário; evitar fatores desencadeantes como certos alimentos, exposição ao sol ou estresse emocional e manter as vacinas atualizadas de acordo com as recomendações médicas.
“Tudo isso pode ajudar a prevenir surtos de doenças autoimunes, especialmente, em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos devido à doença autoimune ou tratamento imunossupressor”, ressalta a especialista, reforçando ainda que é fundamental que esse público trabalhem em estreita colaboração com seus médicos para desenvolver um plano de tratamento e cuidados preventivos personalizado, levando em consideração suas necessidades individuais e o tipo específico de doença autoimune que possuem.
Dra. Marcella Barretto é reumatologista na clínica IBIS – Salvador, pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil e está disponível para entrevistas sobre “A relação das doenças autoimunes e as mulheres ”.