CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Os Banshees de Inisherin” acerta no drama e humor para falar de amizade

Até onde você seria capaz de ir para tentar reatar uma amizade de uma vida inteira que deixa de existir do nada? Com uma mistura curiosa de drama e humor, além de muito a se refletir, “Os Banshees de Inisherin”, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2), já com 9 indicações ao Oscar 2023.

Na ilha fictícia de Inisherin, na Irlanda de 1923, e diante de uma Guerra Civil que acontece no continente, você vai conhecer o protagonista Pádraic (Colin Farrell), apresentado como um homem simpático e que leva uma vida tranquila com a irmã, Siobhan (Kerry Condon). Sua vida não tem muitas novidades e seu dia é baseado nos encontros diários com Colm (Breendan Gleeson), seu grande amigo. O mundo de Pádraic é abalado quando, sem qualquer motivo aparente, este relacionamento é quebrado. Ninguém na pacata ilha entende o que aconteceu com a inseparável dupla, até mesmo o distraído Dominic (Barry Keoghan).

Com direção afiada de Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime), “Os Banshees de Inisherin”, traz em uma das pontas a dificuldade de Pádraic em não saber conviver com a rejeição, principalmente sem ter feito algo de grave para tal. Ele não aceita que seu agora ex-amigo não queira mais sua presença paras as conversar e bebedeiras no único bar da ilha. No outro lado da desavença, há apenas um homem de idade avançada que decidiu dar uma meta para seus últimos anos de vida e nela não cabe mais a amizade com Pádraic. A discordância entre estes homens onde alguns limites exigidos não são respeitados, desencadeiam situações extremas e arrancam risos diante de momentos dramáticos.

Diante do embate entre Pádraic e Colm, o que mais chama a atenção é a dificuldade do primeiro em respeitar a vontade do segundo. São vários os avisos, inclusive com ameaças, para que ele não tente falar com o velho violonista. E é justamente esta insistência que dá o combustível para a trama funcionar e não deixar que o ritmo caia. Por outro lado, traz certa agonia e o pensamento sobre como as amizades e fim delas deve funcionar e o quanto o descumprimento de limites pode ser tóxico em uma relação. Se torna inevitável não pensar se você para pensar se já esteve ou está em uma amizade parecida com a deles.

Paralela à luta de Pádraic, temos todo o trabalho de fundo de Siobhan para tentar fazem com que o irmão aceite a decisão do ex-amigo. Kerry Condon faz um trabalho de tirar o chapéu em todas as suas passagens pela tela, que não são poucas. Suas falas sempre trazem novas perspectivas de pensamentos e são fundamentais no processo de construção do personagem de Colin, que mais uma vez agracia o telespectador com um trabalho de alto nível, repleto de sensibilidade e carisma, além de uma possessividade corrosiva. Também não há como deixar passar despercebido o Dominic de Berry Keoghan, um grande suporte emocional para Pádraic neste período de desentendimento com Calm, sempre confuso em seus pensamentos, mas com sentimentos puros.

Somado às paisagens bucólicas, trilha sonora sensível, fotografia refinada, cenografia aconchegante e atuações magnificas, “Os Banshees de Inisherin”, traz o pacote completo para conquistar os amantes do drama e também da comédia. O longa come pelas beiradas e soma requisitos importantes na corrida do Oscar 2023, marcado para o dia 12 de março.

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *