A cerca de 3.000 anos antes da era moderna (ou entenda-se como “Antes de Cristo”), na antiga Kahndaq, vemos surgir o primeiro campeão dos Magos Shazam. Somos apresentados a Teth Adam, que recebe seus incríveis poderes, a fim de libertar seu povo da tirania do seu rei. Diferente do Capitão Marvel, ou Shazam original, que tem seus poderes referendados pelos deuses gregos, os poderes de Adão Negro são “canalizados” de divindades egípcias, são elas: Shu (resistência, vigor); Hórus (velocidade, capacidade de voo); Amon (super-força); Zehuti (sabedoria); Aton (poder) e Mehen (coragem).
Da mesma forma que nosso conhecido herói, Adam transforma-se e adquire seus poderes ao entoar a famosa palavra mágica: “SHAZAM”. Porém, após um ataque de descontrole e de quase causar a destruição de todo reino, ele é aprisionado. Neste longa somos apresentados à nova origem cinematográfica para o personagem, esta é claro sendo uma adaptação das origens que o mesmo já teve nos quadrinhos.
Passados 5.000 anos depois destes episódios, Teth Adam é invocado novamente, agora para libertar Khandaq da opressão no mundo moderno, usando sua forma bem singular de estabelecer justiça, já que temos aqui um dos grandes Anti-Heróis da DC, que nomeadamente já nasceu como vilão, pelo menos nos quadrinhos.
Os fãs das DC estavam mais do que ansiosos para a chegada deste longa. Envolto em diversas notícias e polêmicas ultimamente, o universo compartilhado da DC passou por tudo que se possa imaginar, de embate épico flopado em Batman vs Superman, passando por um mesmo filme lançado duas vezes (Deus abençoe o Snyder Cut), nova joint venture e troca de governança da Warner, chegando até o cancelamento de algumas produções já quase que finalizadas como Batgirl e os vários adiamentos de outras como Aquaman e Flash, sendo este último ainda envolto nas polêmicas provocas pelo criticado Ezra Miller. Só de escrever esse parágrafo, é de chorar para um DCnauta.
Toda esperança então depositada em Dwayne Johnson, que basicamente prometeu pegar os fãs da DC no colo, ouvir suas preces e trazer a glória de volta para casa. E quer saber, este que vos escreve se sentiu sim representado! A peleja era grande, o cenário o pior possível, mas The Rock comprou a briga e caiu pra dentro, bem literalmente em todos os sentidos.
O filme dá a sensação de que foi cuidadosamente pensado pra atender e agradar a maioria. Momentos de humor pontuais e muito bem encaixados, uma DC menos sombria que os tempos de Snyder, com uniformes bem desenhados e sem medo da vibração das cores. Porém ainda conseguindo inspirar aquela visão épica dos seus personagens, através dos slow motions muitíssimo bem encaixados (Selo Snyder de Qualidade), que fazem transbordar a emoção nas cenas de ação.
Mais um desafio do filme era introduzir novos personagens e heróis. Aliás, não só isso, e sim apresentar todo um novo grupo, que não é muito conhecido do público comum, a Sociedade da Justiça, primeiro supertime da DC que surgiu na Era de Ouro. No longa a equipe não está na sua formação original dos quadrinhos, naturalmente, mas apresenta aqui alguns personagens chave, como o Esmaga Átomo (que aqui é vivido pelo sobrinho do Átomo original), Gavião Negro e o Senhor Destino. Estes dois último inclusive chamam bastante atenção no longa. O primeiro sendo responsável por alguns dos embates mais épicos e heroicos e o segundo, interpretado pelo ator Pierce Brosnan, que empresta para o poderoso mago da DC toda sua classe, tendo também lindas cenas com efeitos visuais delicados e bem feitos. Os uniformes dos heróis, para deleite dos fãs, estão incrivelmente semelhantes aos que vemos nas revistinhas, sendo um show a parte.
Além de The Rock e Brosnan, “Adão Negro” apresenta Aldis Hodge no papel do Gavião Negro; Noah Centineo no papel de Esmaga-Átomo; Quintessa Swindell como Ciclone; Sarah Shahi como Adrianna; Marwan Kenzari no papel de Ishmael e Bodhi Sabongui no papel de Amon.
O roteiro é coeso e inclusive apresenta reviravoltas surpreendentes pelo caminho, justifica os personagens e suas razões, absorve bem os momentos de humor, conversa sobre globalização em tempos modernos, ao passo que entrega uma abundância de ação para os espectadores, coisa que não podia mesmo falhar em um filme de The Rock. As referências aos demais heróis da Liga da Justiça são várias, e muitas delas inteligentes a ponto de não deixar o espectador esquecer a fala de Dwayne Johnson na promoção desta produção, quando ele disse que “A hierarquia de poder da DC estava prestes a mudar”.
Por fim digo-lhes, preparem-se para prender a respiração e se arrepiar na cena pós-crédito, pena que é apenas uma. E no geral, o longa é uma experiência que realmente vale a pena!
Distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures, o filme estreia nos cinemas nesta quinta, 20 de outubro.
Por Matheus Costa – Colunista Convidado