CRÍTICA: “Mais Que Amigos” utiliza dos clichês e humor afiado para trazer representatividade e
A comunidade LGBTQIAP+ se acostumou a ver, na maioria das vezes, suas histórias contadas pela visão hétero e caricata. Lógico que temos produções que apresentam uma visão mais sensível, mas nada tão real como “Mais Que Amigos”, uma das novidades da semana nas salas de cinema, com direção de Nicholas Stoller.
Primeira comédia romântica gay lançada por um grande estúdio (Universal), “Mais Que Amigos) apresenta a improvável amizade entre Bobby Leiber (Billy Eichner, que também é um dos roteiristas), apresentador de podcast e escritor que acaba de ganhar a responsabilidade de administrar o primeiro museu de Nova Iorque voltado à história LGBTQIAP+, e Aaron (Luke Macfarlane), um advogado coorporativo insatisfeito com a vida profissional. De personalidades totalmente diferentes, eles se conhecem em uma boate e, aos poucos, desenvolvem um relacionamento marcado por dilemas pessoais que aos poucos recebem a exposição adequada para abordagem durante a trama. Dentre as camadas, a família e a relação com ela é tratada e traz uma proximidade ainda maior com o público, seja ele da comunidade ou não, por tudo, mesmo que haja o alívio da comédia, se apresentar praticamente igual a qualquer vida real.
Muitos podem enxergar “Mais Que Amigos” apenas como mais uma comédia romântica cinematográfica, com todos aqueles desencontros do casal principal até o tão esperado final feliz. Mas, de maneira gratificante, ele vai um pouco mais além. Com fotos os clichês das histórias de amor no pano de fundo, Nicholas Stoller e Billy Eichner apresentam no a realidade da comunidade LGBTQIAP+ com muita propriedade, com abordagem de temas como relacionamento, monogâmico, aberto ou trisal, além da interação entre família hétero e seu amigo gay sem ser caricata. A produção também brinca com o uso de aplicativo de relacionamento, ao mesmo tempo que faz uma crítica a como essa interação sem compromisso muitas vezes é vazia.
Para quem pensa que temos aqui uma trama meramente militante, a resposta é NÃO. Lógico que é, sem sobra de dúvidas, um avanço para a história do cinema uma produção de um grande estúdio que traz para os holofotes a comunidade de um jeito explícito, com cenas até mais ousadas do que as já vistas, mas há mais do que isso. Bobby e Aaron são as peças centrais do jogo, mas outras camadas que vão além fazem parte do tabuleiro. Entre elas podemos citar a relação familiar e a falta de conversa dentro deste núcleo, onde irmão não sabe dos sentimentos um do outro. A necessidade de buscar um padrão de corpo e beleza para agradar os outros também é abordada, mesmo que de forma rápida.
Com os ingredientes de qualquer boa comédia romântica, mas com um plus, “Mais Que Amigos” chega em boa hora e traz representatividade de verdade para as telas do cinema. É um clichê que todos nós amamos ver, mas recheado de crítica apresentadas à base de humor sarcástico e romantismo que não enjoa. Não é exagero dizer que, até o momento, é a comédia romântica do ano.
Por Robson Cobain