CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “A Mulher Rei” traz força e história de forma grandiosa

Chega às salas de cinema nesta quinta-feira (22), o aguardado A Mulher Rei. Com direção de Gina Prince-Bythewood e roteiro assinado por Dana Stevens, o longa traz como base a história real das Amazonas de Daomé, do Reino de Daomé, hoje Benim, é uma produção repleta de força, representatividade, ação e emoção.

Em A Mulher Rei, acompanhamos a General Nanisca (Viola Davis), líder de uma unidade de guerreiras responsáveis por proteger o reino de Daomé nos anos 1800. Após uma batalha em que algumas mulheres morreram, ela começa a treinar novas guerreiras para um novo embate contra um inimigo que tem como aliado os portugueses. Neste cenário de luta, principalmente contra o tráfico de escravos, Nanisca é uma firme, muitas vezes impiedosa, que precisa manter suas guerreiras atentas e sempre prontas para batalhar pelo reino.

Outra pessoa a acompanhar na jornada é a jovem Nawi (Thuso Mbedu). Ela é expulsa de casa pelo pai, após se recusar a se casar com os pretendentes arranjados por ele, que são sempre abusivos e violentos. Sua recusa a uma vida sem qualquer direito de escolha abre espaço para que a trama aborde um leque de possibilidades e faz com que novas camadas de Nanisca. Além dela, o roteiro muito bem dividido dá espaço para que outros nomes também tenham seus momentos de destaque, a exemplo de Amenza (Sheila Atim) e Izogie (Lashana Lynch), escudeiras de Nanisca, mulheres fortes e de grande importância para o bom andamento do grupo.

Além de uma produção impressionante, A Mulher Rei se destaca por abordar com constância temas intrincados, como o comércio de escravos. É um reino de grandes guerreiras, mas que mesmo assim negocia sua população para outros países. Há claramente um debate sobre sua soberania e quais os objetivos do rei, tudo isso entrelaçado com todo o contexto histórico real do país e a importância das Agoije.

Totalmente filmado na Africa, A Mulher Rei também entrega o que há de melhor nos quesitos técnicos. Os figurinos detalhistas dão ainda mais força às guerreiras e a fotografia terrosa realça ainda mais os cenários escolhidos para ambientar a trama. A trilha sonora é de um peso absurdamente envolvedor e torna cada momento ainda mais instigante. Não se pode esquecer também das batalhas, muito bem coreografadas e dirigidas, que entregam momentos de grande tenção.

A Mulher Rei é histórico não só por trazer para a tela uma leitura de algo que aconteceu. Ele traz a força da mulher de maneira maciça, verdadeira. É um filme que toca em várias feridas com textos e gestos expressados através de um turbilhão de emoções. Uma carta que diz “sempre estivemos aqui, lutando!”. Vale cada segundo de suas 2 horas e 25 minutos.

Por Robson Cobain

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