CINEMA DESTAQUE

CRÍTICA: “Eduardo e Mônica” respeita obra de Renato Russo e vai além

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”. Nada melhor que começar com o início (sem medo de ser redundante), para falar de mais um clássico de Renato Russo a ganhar vida nos cinemas pelas mãos do diretor René Sampaio, responsável por Faroeste Cabloco, que agora lança Eduardor e Mônica, estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone.

Antes de mais nada, vale ressaltar que, por se tratar de um longa, mesmo baseado em uma música, é preciso preencher algumas lacunas. E este é, sem dúvidas, um dos pontos altos de Eduardo e Mônica. Em suas quase duas horas de tela, é entregue mais detalhes que tornam os protagonistas mais próximos do telespectador, como seus hábitos, seus pensamentos, suas inseguranças.

Dito isto, temos na Brasília da década de 80 o encontro mais aleatório possível de Eduardo e Mônica, com direito à “festa estranha, com gente esquisita”. Ele, um jovem no cursinho, que vive com o avô e sem grandes preocupações ou ambições na vida. Ela, uma médica que acabou de perder o pai e que tem planos de crescer com sua profissão em outra cidade. Ainda temos a diferença de idade entre eles, que deixa ainda mais evidente os pensamentos que não casam muito bem. Uma verdadeira batalha entre a imaturidade e a maturidade.

Mesmo com tantas diferenças, a tentativa de fazer a relação acontecer fala mais alto. Eduardo e Mônica respeitam, até certo ponto, as escolhas e opiniões um do outro. Lógico, há momentos em que nem tudo são flores e cicatrizes não fechadas podem voltar a machucar. Neste aspecto, vale ressaltar o debate político contido do filme, que traz uma conexão muito próxima com os dias atuais. A química entre os atores também faz com que as coisas aconteçam nos momentos mais divertidos ou de desentendimento. Eles realmente vendem a situação. 

Para o contentamento dos fãs de Renato Russo, a produção cinematográfica de René tem muito da obra. As características do casal foram reproduzidas fielmente, mesmo que tenham pitadas colocadas por seus intérpretes ou pelos roteiristas. Mas tudo está lá, de forma direta ou indireta, em falas dos personagens ou locações. É tudo poético e direto, fazendo jus à memória do criador.

Eduardo e Mônica parece que foi feito sob medida para os fãs e quem ainda não teve a oportunidade de escutar sua musa inspiradora (mas que vai sair do cinema procurando nas plataformas de streaming). Uma comédia romântica direta, que não deixa dúvidas das ações de seus protagonistas e que entrega reflexões sobre relacionamentos amorosos e o que cada um pensa para a vida. É poético, divertido, coeso.

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